12 de abr. de 2013

Marco Feliciano, Yoani Sánchez, democracia e as tropas de assalto da esquerda moderna


A democracia no Brasil está sendo sorrateiramente minada nesta última década. O que está acontecendo no caso do deputado pastor Marco Feliciano é mais uma amostra disso. Impressiona como os incautos de plantão são levados a acreditar que o caso trata-se da relação entre o Estado e a religião ou que as asneiras ditas pelo deputado demonstram racismo ou homofobia. Mas é compreensível. A geração Twitter não lê nada que contenha mais do que 140 caracteres. Por isso, fica impossível ter uma visão global do que acontece, posto que é mais fácil ficar preso à frases de efeito e manchetes. Além do que se vê, tem muito mais por trás (sem trocadilhos) do movimento gay.

Se o deputado em questão é ignorante e incompetente – e já deu mostras de ser – é outra história, mas o fato é que ele foi eleito democraticamente. Foi escolhido como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados conforme as regras da Casa. Ninguém é obrigado a concordar com os seus posicionamentos, mas é preciso respeitar o jogo democrático. Não se faz oposição inviabilizando o debate na base da gritaria, causando tumulto  e impossibilitando que o deputado faça seu trabalho. Aliás, na Sexta-Feira Santa, o deputado foi perturbado durante um culto religioso, ou seja, fora das suas funções de parlamentar. Mas algo é preciso notar. Os que protestam de forma violenta contra Marco Feliciano (militantes do PT, do PSOL e do PC do B) são os mesmos que atacaram truculentamente a cubana Yoani Sanchéz, acusando-a de trair um governo ditatorial, porque denuncia a miséria e a opressão mantidas pela família Castro em Cuba. Naquela ocasião, de maneira vergonhosa, impediram que ela se pronunciasse em público. Nada mais antidemocrático. Agem como a S.A., a famosa tropa de assalto nazista que saía à caça de opositores da ideologia. O ex-BBB deputado Jean Wyllys (PSOL - RJ), que durante seu mandato já disse tantas asneiras quanto Feliciano, é partidário destes métodos. Nestes três anos como deputado, preferiu a bravata do que apresentar projetos de lei que possam ser discutidos seriamente pelo parlamento.

Será somente coincidência que os partidos de esquerda abraçaram a causa gay? Vejamos. Nos países comunistas, o homossexualismo era crime. Para os marxistas, o homossexualismo era uma das provas cabal da degradação moral da sociedade capitalista. Gays foram perseguidos, presos e mortos na URSS, na China e em Cuba. Mas o que mudou na mentalidade da esquerda? Seria uma guinada em direção à compaixão? Não. O motivo é a luta de classes, ou seja, continua tão marxista quanto antes. Tal concepção surgiu na esquerda norte-americana, tendo como teórico o filósofo Herbert Marcuse. A luta de classes penetrou pouco no operariado norte-americano e este pouco foi habilmente anulado pelo governo nas primeiras décadas do pós-guerra. Não podendo contar com os protagonistas da revolução, a nova esquerda norte-americana precisou criar outras “classes”, reforçando ou produzindo antagonismos dentro da sociedade. A luta pelos direitos civis da população negra era uma causa justa. Assim, os movimentos negros foram abraçados pelos marxistas norte-americanos. Surgiram os movimentos hippies, feministas e homossexuais. Era preciso lançar negros contra brancos, mulheres contra homens, gays contra héteros, ou seja, a eterna luta entre oprimidos e opressores que move a História e levaria inexoravelmente a uma nova sociedade: a comunista. Neste contexto é que surge o “politicamente correto”, uma forma eficaz de patrulhamento ideológico que inviabiliza o debate e o contraditório, elementos típicos da democracia, através da ameaça e da censura.

Portanto, vemos como que por detrás de toda uma pretensa luta de direitos esconde-se ideologias revolucionárias perniciosas que pretende o fim do regime democrático, implantando o totalitarismo. Os homossexuais são utilizados como massa de manobra. Para esses partidos políticos, cuja ideologia sempre repugnou o homossexualismo, os interesses dos gays não são tão importantes. O que importa, de fato, é o êxito da revolução. Os casos de violência contra homossexuais são raros no Brasil e inflacionados artificialmente e não há dúvida que tais ideólogos inescrupulosos adorariam ver realmente aumentados. E muita gente de boa vontade acaba embarcando nessa, dando apoio ao que não conhece exatamente, engrossando o rebanho. Consola saber que estes esforços estão apenas no princípio. Os homossexuais não apoiam em massa os métodos truculentos. Basta considerar que na Parada Gay de São Paulo aparece um milhão de pessoas e para protestar contra Feliciano, uma dúzia. Mas é preciso conhecer os fatos e os verdadeiros objetivos que tais protestos escondem.  




8 de abr. de 2013

Não à teocracia!



O deputado pastor Marco Feliciano ainda rende assunto. Ocorreu até um manifesto de artistas contra o deputado. Alguém viu protesto de artistas contra os condenados do mensalão? Pelo contrário, houve até manifestações de apoio.

Mas é sempre assim. Basta algum elemento religioso se destacar no ambiente político para que os defensores do Estado laico venham com palavras de ordem que, na verdade, demonstram que não sabem exatamente o que defendem, fazendo verdadeiras misturebas na concepção do Estado e na relação entre este e a religião. Uma destas palavras de ordem que vi várias vezes é: NÃO À TEOCRACIA!

De partida já posso afirmar que, no mundo atual, não existe nenhum regime teocrático em vigor. O Egito Antigo era teocrático, pois o Faraó era a encarnação do deus sol; o Império Romano, em seu período decadente, tornou-se uma teocracia. A China Imperial era uma teocracia. O último regime teocrático, de fato, foi o do Império do Japão e acabou com a desdivinização do imperador após a Segunda Guerra. Portanto, para um regime ser considerado uma teocracia, é necessário que o governante encarne uma divindade. O Tibete não era uma teocracia. O Vaticano e o Irã também não são. Ser governado por um líder religioso ou sob leis religiosas não faz do Estado uma teocracia, assim como ser governado por um militar não faz com que o Estado viva sob um regime militar. Ninguém com o mínimo de conhecimento poderia afirmar que, por exemplo, o governo regencial do padre Diogo Feijó fez do Brasil uma teocracia.

O termo “teocracia” é usado comumente para designar regimes baseados em leis religiosas, como são alguns países islâmicos que adotam a Sharia; ou regimes absolutistas que não se submetem a nenhum poder moderador a não ser ao poder divino. Assim pretendiam os teóricos do Direito Divino dos reis. Mas, nestes caso, é um uso inexato do termo, assim como a utilização do termo “absolutista” para algumas monarquias ocidentais também o é. 

Estados governados por líderes religiosos, onde se confunde o poder religioso com o poder secular, como no caso do Irã dos aiatolás, são Estados clericais e não teocráticos. O fato de um país adotar uma religião oficial também não faz do Estado uma teocracia e sim um Estado confessional e não leva necessariamente à restrição da liberdade religiosa ou da democracia. A Inglaterra, a Islândia, a Noruega e a Dinamarca são exemplos de Estados confessionais e não consta que sejam países com algum atraso civilizacional ou antidemocráticos, muito pelo contrário (ainda que na Inglaterra um católico não pode tornar-se primeiro-ministro. Lembremos que Tony Blair renunciou ao se converter ao catolicismo).

Portanto, o simples fato de termos líderes religiosos ou leigos praticantes de alguma religião ocupando cargos em qualquer instância do governo não põe em risco nem o Estado laico, nem a democracia, pelo contrário, ao longo da História, muitas vezes foi a religião a única oponente do totalitarismo e dos impositores de pensamento único. Os presidentes norte-americanos fazem seu juramento de posse com a mão sobre a Bíblia e os Estados Unidos continuam laicos. Se levarmos em conta que no Ocidente nossas leis derivam em grande parte do Decálogo, podemos pô-las em xeque a todo momento reivindicando a laicidade do Estado, pervertendo, assim, toda a tradição jurídica de nossa sociedade. 

Regimes democráticos não mudam ao sabor de quem governa, nem restringem os direitos políticos dos cidadãos por eles serem líderes religiosos ou professarem alguma religião, nem atentam contra uma sadia laicidade ou contra a religiosidade do povo. Teocracias dependem de concepções profundas sobre a origem do poder e sobre a divindade e não do simples fato da existência de líderes religiosos ocupando cargos públicos. Percebe-se que a concepção de Estado é mais complexa do que pretendem as frases de efeito dos ativistas sem-noção.



2 de abr. de 2013

A origem dos símbolos da Páscoa: o coelho e os ovos


A festa da Páscoa da ressurreição de Jesus Cristo possui variados símbolos. Os símbolos religiosos, tais como as velas e o cordeiro, são de fácil compreensão, ao menos, para a maioria das pessoas. Mas o que tem a ver com a Páscoa o coelho e os ovos? Coelhos não botam ovo, ainda mais de chocolate. Vejamos. A Páscoa cristã tem sua origem na Páscoa judaica. Enquanto a Páscoa judaica comemora a libertação do povo de Israel que vivia sob jugo egípcio, a páscoa cristã comemora a ressurreição de Jesus Cristo. Diversos elementos da Páscoa cristã derivam da Páscoa judaica. Mas, sem dúvida, os símbolos pascais mais conhecidos são o coelho e os ovos. É difícil encontrar a origem desta simbologia. 

A inculturação do cristianismo é a tese mais provável. Ao chegar ao norte da Europa, a Igreja encontrou-se com povos que cultuavam a natureza. A chegada da primavera era bastante comemorada, pois o inverno rigoroso tinha terminado; a vida ressurgia em todo o seu vigor. Os povos pagãos festejavam a fertilidade tão ostensiva da nova estação, sendo representada pelo coelho que se reproduz abundantemente e pelo ovo que, para os antigos, representava a origem misteriosa da vida. Era comum, então, presentear uns aos outros com um ovo. Como a Páscoa também é comemorada no início da primavera no hemisfério norte, a Igreja decidiu não destruir tais elementos, tão importantes para aqueles povos, mas cristianizá-los. Tal prática não era uma novidade. A Páscoa judaica já tinha adotado e adaptado elementos das festas primaveris dos camponeses e pastores do Oriente Médio que também comemoravam a fertilidade da nova estação.
A Igreja deu novo significado aos símbolos. O ovo passou a simbolizar a vida nova em Cristo, a renovação da criação. Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana, o que remetia ao Gênesis, ao início da criação. Era o princípio da nova criação. A fertilidade do coelho passou a representar a Igreja que gera os filhos de Deus, através da graça conquistada por Jesus Cristo pela sua morte e ressurreição. Desse modo, os símbolos pagãos das celebrações de primavera no norte da Europa, passaram a fazer parte da Páscoa cristã. Esta é a tese mais provável. Há a possibilidade de o ovo surgir na festa da Páscoa cristã também adaptado da Páscoa judaica, já que faz parte dos símbolos da ceia pascal judaica, um elemento relativamente novo introduzido já na era cristã. Na Idade Média, em algumas localidades do Leste europeu, as pessoas trocavam ovos coloridos durante a Páscoa. Mas este costume ficou praticamente restrito ao norte da Europa e posteriormente foi conservado pelas igrejas luterana e anglicana até o seculo XIX, quando a influência britânica pelo mundo popularizou os símbolos (assim como aconteceu com a árvore de Natal e o Papai Noel, mas esta é outra história). Ovos de chocolate existem desde o século XVIII, porém somente no século XX ficaram populares. O chocolate não acrescenta nada de novo ao símbolo. O uso do chocolate deu-se apenas pela criatividade dos confeiteiros franceses. Mas os motivos são o que menos importa já que todos concordam que é muito melhor ganhar um ovo de chocolate do que um ovo cozido com a casca colorida. Sem relacionar o coelho e os ovos com a ressurreição de Jesus Cristo, ambos perderam a função de símbolos. Hoje, não representam nada, nem a Páscoa, muito menos a primavera, são apenas personagens comerciais numa história sem pé nem cabeça onde coelhos trazem – só Deus sabe de onde – ovos de chocolate.

10 de mar. de 2013

Pastor Marco Feliciano eleito para Comissão de Direitos Humanos


Deputado Pastor Marco Feliciano
Eu, este humilde católico que vos escreve (sim, católico que assim como todos os meus irmãos na fé, desde o coroinha até o Papa, tem a fama de possuir visão limitada e mente fechada), conhece um pouquinho o meio político e religioso além de quando certas personagens vêm à luz pela mídia e, então, todos se acham aptos a opinar. 

Dado ao meu interesse religioso, conhecia o pastor Marco Feliciano antes de ser eleito (democraticamente, diga-se) através de seus programas de TV. É adepto ferrenho da teologia da prosperidade e, digamos, a inteligência não é a virtude que se destaca no deputado-pastor. Presenciei equívocos enormes pronunciados por ele em seus programas. Pessoalmente, não vou com a cara dele. 

Pois bem, agora, o deputado, legítimo representante do povo, foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Foi eleito pelos seus pares. Foi eleito conforme a legislação da Câmara. Foi eleito legitimamente. Choros, birras, oposição e o contraditório fazem parte da democracia. Eleições daqueles dos quais não concordamos também. A democracia não pode ser boa somente quando e a quem interessa. Como bons democratas que somos, esperemos para ver suas ações. Julgá-lo, a priori, demonstra tanto preconceito e intolerância (e isto, nós, cristãos, sabemos muito bem o que é) quanto acusam o deputado-pastor. E lembremos que minoria por minoria, como defende tal comissão, os evangélicos também são.


6 de mar. de 2013

A farsa das UPP's cariocas


Essas UPP's do governo Cabral em parceria ostensiva com o governo do PT (Lula/Dilma), mais a cobertura midiática da Globo, são verdadeiras e unicamente belas propagandas eleitoreiras, especialmente agora que Sérgio Cabral quer ser candidato à vice de Dilma em 2014. Até aí nada de mais, já que é mais um pmdbista lambe-botas. 

Quem não se lembra da multidão de criminosos fugindo do Alemão quando a polícia invadiu? O que aconteceu com eles? Hoje são homens de bem? Abandonaram o crime? Evaporaram? Porque ninguém foi preso e nem morto pela polícia. Sérgio Cabral, que já se declarou favorável a legalização das drogas e sobre o aborto respondeu candidamente que "quem já não teve uma namoradinha que fez um", simplesmente colocou os policiais do RJ para defenderem o tráfico com os louvores da opinião pública. 

A intenção das ocupações é clara: a desterritorialização do tráfico e não o combate que vise acabar com a venda de drogas. É praticamente um trato entre o Estado e o tráfico: o traficante não domina mais a favela e a polícia não atrapalha seu comércio. A Polícia carioca virou segurança particular de traficante. 

Vejam como as ocupações ocorrem: a secretaria de segurança pública avisa com antecedência a área a ser invadida; a polícia (e/ou os homens das Forças Armadas) sobem o morro; não há confronto, nenhum tiro, nenhum morto, nenhum preso; a polícia ocupa a favela e fixa-se uma UPP. E os criminosos continuam livres e praticando os mesmos crimes, só que agora não precisam mais se preocupar em vigiar a favela, nem precisam mais entrar em confronto com grupos rivais ou com a polícia. Ficou tudo pacificado. Inclusive para o tráfico.


1 de mar. de 2013

O Papa humilde: a renúncia de Bento XVI



“O Papa renunciou”. Foram com estas palavras que minha mãe me acordou no dia de Nossa Senhora de Lourdes deste ano. Fiquei desconcertado e em primeiro momento, sem saber exatamente os motivos, decepcionado. Recordei imediatamente de São Celestino V que renunciou no ano de 1294. Naquele momento, veio ao peito um sentimento de orfandade, como quando o Papa João Paulo II faleceu. Dificilmente um não-católico ou um católico não-católico entende o que se sente pelo Papa. Não é possível explicar. Coisas de amor não se explicam. O Papa é nosso pai, o “doce Cristo na terra”, como dizia Santa Catarina de Sena, em um momento da história da Igreja que tal expressão, diante da realidade, era um ato de fé inabalável. 

Sempre me dei bem com o Papa Bento XVI. Certa vez, enquanto via pela TV a peregrinação realizada pelo Beato João Paulo II à Terra Santa durante o Jubileu, quando o então cardeal Ratzinger, estava pronunciando um pequeno discurso, eu disse: “Este será o próximo Papa”. Eu mal conhecia o cardeal, aliás, não conhecia tanto a Igreja, pois foi este o ano de minha “convicção”. Porém, a escolha do Espírito Santo parecia evidente como foi demonstrado pela rapidez do Conclave que o elegeu. 

“Os senhores cardeais me escolheram. Consola-me saber que Deus sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes”. Estas foram as primeiras palavras do novo Papa no balcão da Basílica Vaticana. Instrumento insuficiente era como se auto-apresentava o maior teólogo do século XX. Ele sabe que tudo é dom de Deus e atribui a Ele tudo o que possui. O humilde Papa foi maltratado pela imprensa e pelos liberais de plantão. Era o inquisidor-mor que chegava a Papa. Conservador, obscurantista, reacionário. Contra a irracionalidade dos ativistas de todos os matizes, respondia com a Razão, esta ao contrário da outra, aliada da fé. Contra a imprensa que tentou de todos os modos atiçar os extremistas muçulmanos contra ele, Bento XVI marca a história ao ser o primeiro Papa a se encontrar com o rei da Arábia Saudita, o protetor da religião de Maomé. Contra a mentira, o Papa, sereno como sempre, responde com a verdade. Todos que o encontram, destacam sua humildade e bondade. Enfrenta com coragem os escândalos, sem subterfúgios, sem meias-palavras. É um reformador, no melhor sentido da palavra. 

Tive a graça de estar com o Papa Bento XVI em duas ocasiões. Por conta da vinda ao Brasil, na Santa Missa de canonização do Frei Galvão e na Praça de São Pedro, numa Audiência Geral. Minha admiração a Bento XVI é enorme. Apesar de o pontificado ter sido relativamente curto, seu magistério é tão rico que influenciará a Igreja por anos. Ninguém como ele consegue diagnosticar com tanta clareza os males do mundo e apresentar o remédio: Jesus Cristo. 

Mas, devido à idade avançada, suas forças lhe faltaram. Mais uma vez colocou sua vocação diante de Deus. Homens do quilate de Bento XVI estão mergulhados em Deus. Nada fazem sem Ele. Mais do que um intelectual, o Papa é um místico. E tomou a difícil e corajosa decisão de deixar o ministério petrino para assumir outra vocação: rezar pela Igreja, sacrificar-se pela Esposa de Cristo, no silêncio, no escondido. Eloquente testemunho diante de um mundo onde se dá valor ao ativismo, ao espetáculo, à fama, aos aplausos. Diante de um mundo onde vemos tantos ditadores, tantos poderosos apegados ao cargo ao ponto de continuarem nele mais mortos do que vivos, diante de governantes que se acham insubstituíveis, vemos o homem cuja autoridade está acima de qualquer outro poder não se apegar ao cargo, pois sabe que não pertence a ele, mas a Cristo. Sabe que não é maior do que Cristo, nem está acima da Igreja. Sabe que não é insubstituível, pois o que ensina não é doutrina sua e tem plena certeza de que a Igreja está firmada sobre bases eternas. Por fim, amou a Cristo e a Igreja até o fim. 

Nos próximos dias, o Espírito Santo e os cardeais escolherão o novo Papa. E, ao ser apresentado, a partir do balcão da Basílica de São Pedro, à praça lotada, acontecerá algo que, repito, nenhum não-católico ou católico não-católico poderá entender. Creio que, além do carisma da infalibilidade, acompanha ao Papa um outro carisma: o de despertar o amor às ovelhas que lhe foram confiadas. Imediatamente passaremos a amá-lo como o “doce Cristo na terra”. 




22 de fev. de 2013

Yoani Sánchez no Brasil



Vergonhoso os protestos contra Yoani Sánchez. Fanáticos da esquerda brasileira, militantes do PT, que não conseguem enxergar a realidade defendem a ditadura de Cuba como se o país fosse um paraíso. Usam o mesmo argumento dos irmãos Castro considerando Yoani uma traidora da revolução assassina que executou 120.000 pessoas. 

Defendem um governo que mantém centenas de prisioneiros cujo crime é pensar. E ainda alguém acredita que militantes de esquerda, entre eles, Dilma e aqueles que governam o Brasil, lutavam por democracia durante o regime militar. E, mais grave ainda, uma embaixada (a de Cuba, evidente) se metendo em assuntos internos do Brasil. Onde está nossa soberania? 

Por que a "presidenta" Dilma não receberá a blogueira, já que se declara tão democrata e defensora dos direitos humanos? A democracia brasileira corre grande risco com o PT no governo. 

Parabenizemos o governador de São Paulo Geraldo Alckmin que recebeu a ativista cubana e a tratou como deve ser tratada.

Chegada de Yoani Sánchez à Câmara gera tumulto e bate-boca: http://folha.com/no1233690 

Planalto afirma que dossiê contra cubana foi destruído: http://folha.com/no1233522


(Foto: Reuters)
Foto: Chegada de Yoani Sánchez à Câmara gera tumulto e bate-boca. http://folha.com/no1233690 Planalto afirma que dossiê contra cubana foi destruído. http://folha.com/no1233522 
(Foto: Reuters)







19 de fev. de 2013

O Primado de Pedro foi instituído por Jesus


Agora que a figura do Papa está em voga, entre tantas questões, levanta-se se o Primado de Pedro, do qual o Papa é herdeiro, tem algum fundamento bíblico. De largada, já digo que sim. O Primado de Pedro foi instituído por Jesus. Há claras evidências no Novo Testamento e na Tradição. Por ora, basta o que nos diz os evangelhos. Vejamos: 

A mudança de nome

Para começar, é significativo que Jesus tenha mudado o nome de Simão para Pedro em seu primeiro encontro. Conta-nos o evangelista São João: André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinha ouvido João e que o tinha seguido. Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: “Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo).” Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: “Tu és Simão, filho de João, serás chamado Cefas (que quer dizer pedra).” (Jo. 1, 40-42)

Logo em seu primeiro encontro, Jesus fixa o olhar nele e lhe dá outro nome que significará sua nova missão revelada por Mateus na instituição do primado em Cesareia de Filipe (Mt. 16, 18). Significativo, também, que São João, ainda que escrevendo seu evangelho em grego, utiliza a palavra aramaica Cefas, dando em seguida seu significado em grego, Pedra, da mesma forma que, no versículo anterior, para se referir a Jesus, usou a palavra hebraica Messias e logo em seguida sua tradução, Cristo. 

São João não deixa dúvida. Para aqueles que objetam que, do grego, Petros significa “pedrinha” e não “rocha”, João deixa claro que Jesus se dirige a Simão em aramaico e não em grego e o chama de Kepha, a rocha. Aliás, é pela forma aramaica que São Paulo preferirá se referir a Pedro (Cf. 1 Cor. 1,12; 3,22; 9,5; 15,5 – Gal. 1,18; 2,9; 2,11.14). Este assunto será tratado detalhadamente mais adiante. 

A mudança de nome na história bíblica não é um fato sem importância. Após a aliança de Deus com Abrão, este tem seu nome modificado para Abraão porque ele seria o pai de uma multidão de povos e a partir dele, a história da salvação tinha início (Gênesis 17, 4)

O mesmo acontece com Jacó. Deus muda seu nome para Israel, porque ele será o pai do Povo Eleito. (Gênesis 35, 10-12)

Sendo assim, é clara a intenção de Jesus: o pai dos povos que crerão no Deus único tem seu nome mudado; o pai do Povo de Deus tem seu nome mudado; e o “pai” – o líder – do novo Povo de Deus, a Igreja, também tem seu nome mudado. Aliás, fazendo um paralelo entre os textos, percebemos que a fórmula utilizada na mudança dos nomes de Abraão e Israel é bastante semelhante com a que Jesus usou:

Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de povos. (Gênesis 17, 4-5)

Teu nome, disse-lhe Ele, é Jacó. Tu não chamarás mais assim, mas Israel. (Gênesis 35, 10) 
Tu és Simão, filho de João, serás chamado Cefas. (João 1, 42)

Outro importante personagem do Antigo Testamento também tem seu nome modificado: José. Essa mudança de nome será tratada mais adiante. 

A instituição do Primado

O cerne da instituição do Primado se encontra em Mateus 16, 13-19:

São Pedro
Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: No dizer do povo, quem é o Filho do Homem? Responderam: Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.

Vamos analisar este trecho. Jesus está com os apóstolos em Cesareia de Filipe, local em que se acreditava nascer o rio Jordão. Este local possui grandes e maciças rochas. Diante das palavras de Jesus, o local tornava-se bastante sugestivo. 

Jesus diz que Pedro é a pedra sobre a qual edificará a Sua Igreja e os poderes do inferno não poderão vencê-la. É uma batalha entre dois reinos, ou melhor, duas cidades: a cidade de Deus e a cidade de Satanás. Muitas vezes, quando se menciona uma rocha na Bíblia, refere-se a uma fortaleza ou uma cidade fortificada (geralmente construída sobre um rochedo): é a Igreja. Do outro lado, temos o inferno, também designado como uma fortaleza, já que o termo “portas” refere-se a uma cidade fortificada. 

Quem é a pedra: Jesus ou Pedro?

Tomo emprestado alguns trechos de um bom texto (acesso em: http://www.bibliacatolica.com.br/blog/biblia/quem-e-a-pedra-jesus-ou-pedro/#.USBa5B03s1E) que responde brilhantemente esta questão.

Objeção 1: A “Pedra” citada por Jesus em Mt 16,18 jamais poderia referir-se a Pedro, mas sim ao próprio Jesus, uma vez que as Sagradas Escrituras em muitas passagens identifica Jesus como a “rocha”, a “pedra angular”.

Resposta: Antes de apresentar o diálogo, a Barca de Jesus observa que embora na maioria das passagens bíblicas “pedra” ou “rocha” realmente se refira a Jesus, existem exceções. O próprio Jesus que disse ser a “Luz do Mundo” (Jo 8,12) disse aos apóstolos que também eles deveriam ser “Luz do Mundo” (Mt 5,13). Além da passagem de Mt 16,18 onde a “pedra” referida não se trata de Jesus, como veremos claramente no diálogo abaixo, temos também, por exemplo, Is 51,1-2 (a “pedra” é Abraão) e 1Pd 2, 4-5 (“pedras vivas” é Jesus e também são os cristãos). O fato de Jesus aplicar a Pedro uma figura que a Bíblia exaustivamente aplica a Jesus, bem mostra a intenção de Jesus em fazer de Pedro um representante de Cristo na terra.

Objeção 2: Em grego, a palavra para pedra é petra, que significa uma rocha grande e maciça. A palavra usada como nome para Simão, por sua vez, é petros, que significa uma pedra pequena, uma pedrinha.

Resposta: Na verdade, todo este discurso é falso. Como sabem os conhecedores de grego (mesmo os não católicos), as palavras petros e petra eram sinônimas no grego do primeiro século. Elas significaram “pequena pedra” e “grande rocha” em uma velha poesia grega, séculos antes da vinda de Cristo, mas esta distinção já havia desaparecido no tempo em que o Evangelho de São Mateus foi traduzido para o grego. A diferença de significados existe, apenas, no grego ático, mas o NT foi escrito em grego Koiné – um dialeto totalmente diferente. E, no grego koiné, tanto petros quanto petra significam “rocha”. Se Jesus quisesse chamar Simão de “pedrinha”, usaria o termo lithos. (para a admissão deste fato por um estudioso protestante, veja D. Carson, The expositors Bible Commentary [Grand Rapids: Zondervan, 1984], Frank E. Gaebelein, ed., 8: 368).

Objeção 3: Vocês, católicos, por desconhecerem o grego, pensam que Jesus comparava Pedro à rocha. Na verdade, é justamente o contrário. Ele os contrastava. De um lado, a rocha sobre a qual a Igreja seria construída: o próprio Jesus (“e sobre esta PETRA edificarei a Minha Igreja”). De outro, esta mera pedrinha (“Simão tu és PETROS”). Jesus queria dizer que ele mesmo seria o fundamento da Igreja, e que Simão não estava sequer remotamente qualificado para isto.

Resposta: A maioria dos livros do NT foi escrita em grego, pois não visavam apenas os cristãos da Palestina, mas de outros lugares como Roma, Alexandria e Antioquia, onde o aramaico não era falado.

Sabemos que Jesus falava aramaico devido a algumas de suas palavras que nos foram preservadas pelos Evangelhos. Veja Mt 27,46, onde ele diz na cruz, “Eli, Eli, Lama Sabachtani”. Isto não é grego, mas aramaico, e significa, “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” [Mas, segundo o evangelho de São João, Jesus chamou Simão de Cefas (transliteração do aramaico Kepha]. 

E o que significa Kepha? Uma pedra grande e maciça, o mesmíssimo que petra. A palavra aramaica para uma pequena pedra ou pedrinha é evna. O que Jesus disse a Simão em Mt 16,18 foi “tu és Kepha e sobre esta kepha construirei minha igreja.” Quando se conhece o que Jesus disse em aramaico, percebe-se que ele comparava Simão à rocha; não os estava contrastando. 

Até aqui, o referido texto. 

Portanto, não há contradição entre Pedro e Jesus no que se refere à “pedra”. Jesus une Pedro a Si, assim como a Igreja e Cristo são uma só realidade, sendo este a Cabeça e aquela o Corpo. Esta associação entre Pedro e Jesus também se evidencia no episódio do pagamento do imposto do Templo (Mt. 17, 23-26), ocorrido apenas seis dias após a instituição do primado:

Logo que chegaram a Cafarnaum, aqueles que cobravam o imposto da didracma aproximaram-se de Pedro e lhe perguntaram: Teu mestre não paga a didracma? Paga sim, respondeu Pedro. Mas quando chegaram à casa, Jesus preveniu-o, dizendo: Que te parece, Simão? Os reis da terra, de quem recebem os tributos ou os impostos? De seus filhos ou dos estrangeiros? Pedro respondeu: Dos estrangeiros. Jesus replicou: Os filhos, então, estão isentos. Mas não convém escandalizá-los. Vai ao mar, lança o anzol, e ao primeiro peixe que pegares abrirás a boca e encontrarás um estatere. Toma-o e dá-o por mim e por ti.

O primado segundo São João

São João conservou-nos sua versão do primado. Talvez seja até mais categórico do que São Mateus em colocar Pedro como o chefe da Igreja de Cristo. A cena transcorre às margens do mar da Galileia. Jesus ressuscitado aparece e faz uma refeição com seus apóstolos. Vamos ao texto:

Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.

Jesus após Sua ressurreição vem confirmar Pedro na liderança de Sua Igreja, do Seu rebanho. Ele, o Bom Pastor, confia Suas ovelhas a Pedro, que deverá pastoreá-las após Sua partida para o Pai. O texto é claríssimo. E mais, além da interpretação tradicional que vê na tríplice profissão de amor exigida por Jesus como reparação das três negações de Pedro, para os povos semitas, declarar algo por três vezes significa ratificá-lo sem nenhuma possibilidade de dissolução. 

São Lucas também nos traz uma informação importante. O evangelista insere na Santa Ceia a discussão surgida entre os apóstolos sobre qual deles seria o maior (Lucas 24, 24-30). Jesus ensina-lhes que, assim como Ele, o primeiro dentre eles deve ser aquele que serve a todos. Em seguida, conforme Lucas, Jesus se dirige a Pedro: 

Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos. (Lc. 22,31-32)

Jesus sabe que Pedro será tentado pelo orgulho que o fará negá-Lo por três vezes. Mas, Jesus, pessoalmente, rogou por ele, para que não caísse na desgraça causada pelo remorso como aconteceu com Judas, mas que se arrependa verdadeiramente, o que acontecerá na casa de Caifás. E Pedro, fortificado na fé, deve confirmar seus irmãos nesta mesma fé. A nenhum outro apóstolo foi dada esta incumbência. Apenas a Pedro. 

O poder das chaves do Reino dos Céus

Lembremos que Mateus escreve seu evangelho para os cristãos oriundos do judaísmo. Seu evangelho é repleto de citações diretas e referências indiretas do AT. Portanto, uma das chaves de interpretação desta passagem deve ser procurada no AT. 

Na linha do judaísmo, Mateus é o evangelista do Reino. O Messias viria restaurar o Reino de Deus, que, na mentalidade judaica, seria o Reino de Israel, o antigo Reino Davídico, um reino terreno e delimitado. Jesus anuncia algo maior do que isso. O Reino de Deus, o Seu Reino não é esse pequeno Reino de Davi. Pois bem, Jesus funda um Reino, cujo germe e imagem é a Igreja. Ele é o Rei, mas faz de Pedro seu vigário, o “primeiro-ministro” deste Reino, isto é, de Sua Igreja. 

Dito isso, vamos ver alguns paralelos no Antigo Testamento que nos farão entender como era a investidura de um “alto funcionário” de um reino. Primeiramente, Isaías 22, 15-22. Aqui, Isaías profetiza o fim do governo de Sobna, prefeito do palácio (v. 15). O prefeito do palácio, em Israel e Judá, tinha o cargo equivalente de primeiro-ministro. Isaías prossegue, revelando o sucessor de Sobna, e é neste ponto que encontramos apoio para as palavras de Jesus no evangelho de Mateus:

Naquele dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias. Revesti-lo-ei com a tua túnica, cingi-lo-ei com o teu cinto, e lhe transferirei os teus poderes; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. Porei sobre seus ombros a chave da casa de Davi; se ele abrir, ninguém fechará, se fechar, ninguém abrirá.

Essa passagem nos remete ao Apocalipse 3, 7:

Ao anjo da igreja de Filadélfia, escreve: Eis o que diz o Santo e o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi – que abre e ninguém pode fechar; que fecha e ninguém pode abrir.

Fica claro o que significa o poder das chaves. O prefeito do palácio tem em suas mãos a administração da casa de Davi. Não está acima do rei, que em todo o caso é o que tem “as chaves”, mas o rei o investe do poder de cuidar de seus interesses. O mesmo ocorre com Jesus. Ele, “o Santo e o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi – que abre e ninguém pode fechar; que fecha e ninguém pode abrir”, dá as chaves de Seu Reino a Pedro, fazendo dele Seu “primeiro-ministro”, o prefeito de Sua casa: Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.

Portanto, Jesus e Pedro aparecem aqui novamente associados. Possuem a mesma chave, pois tudo o que for ligado ou desligado na terra, acontecerá igualmente no céu. O governo da Igreja é único. Há uma cabeça invisível do Corpo Místico, que é a Igreja, Seu Pastor supremo: Jesus Cristo; e uma cabeça visível, sinal visível da unidade e do governo da Igreja, Pedro e, por conseguinte seus sucessores. 

Outro paralelo significativo encontra-se em Gênesis 41, 38-45, que nos dá amostras da investidura de um “primeiro-ministro”. Após José ter decifrado o sonho do faraó, o soberano do Egito disse:

Poderíamos, disse-lhes ele, encontrar um homem que tenha, tanto como este, o espírito de Deus?” E disse em seguida a José: “Pois que Deus te revelou tudo isto, não haverá ninguém tão prudente e tão sábio como tu. Tu mesmo serás posto à frente de toda a minha casa, e todo o meu povo obedecerá à tua palavra: só o trono me fará maior do que tu.” “Vês, disse-lhe ainda, eis que te ponho à testa de todo o Egito.” E o faraó, tirando o anel de sua mão, pôs na mão de José; e o fez revestir-se de vestes de linho fino e meteu-lhe ao pescoço um colar de ouro. E, fazendo-o montar no segundo dos seus carros, mandou que se clamasse diante dele: “Ajoelhai-vos!” É assim que ele foi posto à frente de todo o Egito, e o faraó disse-lhe: “Sou eu o faraó: sem tua permissão não se moverá a mão nem o pé em toda a terra do Egito.” O faraó chamou a José Tsafenat-Paneac, e deu-lhe por mulher Asenet, filha de Putifar, sacerdote de On.

Comecemos pelo fim. Aqui, como ocorreu com Abraão e Israel, José é chamado por um novo nome. Não é Deus quem muda seu nome, é o Faraó, que, em todo caso, se considera um deus. Nabucodonosor também usa deste expediente depois de reduzir Judá a um reino vassalo: 

Em lugar de Joaquin, o rei de Babilônia, constituiu rei seu tio Matatias, cujo nome mudou para Sedecias. (II Reis 24, 17) 

O reino de Judá passou a ser um reino vassalo, portanto Sedecias governa em nome do rei da Babilônia, por isso tem seu nome modificado. O mesmo ocorre com Pedro que governará o “Reino de Deus” em nome de Jesus.  

Agora, vejamos os paralelos entre os textos da investidura de José e o primado de Pedro: 

Primeiro ponto em comum: a revelação vem de Deus: 

E disse em seguida a José: Pois que Deus te revelou tudo isto, não haverá ninguém tão prudente e tão sábio como tu. (Gênesis 41, 39)

Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. (Mateus 16, 17)

Segundo ponto: esta revelação leva a uma conseqüência. Ambos são investidos da primazia: José, primaz do reino do Egito; Pedro, do Reino de Deus:

Tu mesmo serás posto à frente de toda a minha casa, e todo o meu povo obedecerá à tua palavra: só o trono me fará maior do que tu.” “Vês, disse-lhe ainda, eis que te ponho à testa de todo o Egito.” E o faraó, tirando o anel de sua mão, pôs na mão de José; [...] (Gênesis 41, 40-42)

Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. (Mateus 16, 19)

Diferentemente dos reinos de Judá e Israel, o poder transferido pelo Faraó não é simbolizado pela chave, mas pelo anel (Gênesis 41, 42). Porém, o sentido é o mesmo. 

Voltemos a nos lembrarmos que Mateus escreve seu evangelho em aramaico (todos os outros evangelhos foram escritos em grego) para cristãos oriundos do judaísmo. Por isso, para seus leitores e ouvintes a posição de Pedro como líder da Igreja era inquestionável diante de tantas provas e paralelos retirados das Escrituras e também do cotidiano do povo judaico. 

Conclusão 

Jesus funda a Sua Igreja sobre Pedro e os apóstolos. Pedro recebe de Jesus o poder das chaves para que governe a Sua Igreja na terra. Esse poder é exercido no zelo pela doutrina, na definição dos dogmas e no perdão dos pecados. E é óbvio que a instituição não poderia morrer com São Pedro, já que Jesus mesmo prometeu que estaria com a Igreja até o fim dos tempos e que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela. 

Assistido pelo Espírito Santo, São Pedro e seus sucessores possuem o carisma da infalibilidade. Jesus estende o poder de ligar e desligar ao colégio apostólico (Mateus 18, 18), sucedido pelo Colégio dos Bispos em comunhão com o Bispo de Roma, ou seja, o Papa. Os bispos também possuem este carisma e o exerce principalmente reunidos em concílios e sínodos. 

O carisma da infalibilidade do Papa e da Igreja é deduzido pela lógica dos textos. Como tudo o que Pedro e os apóstolos ligar na terra será ligado ou desligado nos céus, é impossível que haja algum erro quando o Papa ou os bispos reunidos em comunhão com ele tratar de matéria de fé e moral, pois é inimaginável que nos céus ocorra algo errado. Portanto, o Espírito Santo sempre acompanha os sucessores de Pedro e dos apóstolos para que ensinem conforme a verdade de Jesus.  

Bônus: outras referências a Pedro no NT

Vale lembrar que as referências a Pedro no Novo Testamento chegam a 171 vezes. É o segundo personagem mais citado. O primeiro é Jesus. 

Significativo também é a listagem dos apóstolos que os evangelistas nos fornecem. Pedro vem nomeado sempre em primeiro (Mateus faz referência explícita a isso) e Judas Iscariotes, o traidor, aparece sempre em último. Somente coincidência? Pedro seria o primeiro do quê? O primeiro discípulo a ser chamado não pode ser, posto que foi André quem o apresentou a Jesus. 

Mateus 10, 2-4: Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor.

Marcos 3, 16-19: Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador; e Judas Iscariotes, que o entregou.

Lucas 6, 13-16: Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.

Apesar de haver muitas mais referências em todo o Novo Testamento e na Sagrada Tradição as quais poderíamos nos basear, essas são referências dos evangelhos que atestam o primado de Pedro.





11 de fev. de 2013

A renúncia do Papa Bento XVI



O Papa é o Vigário de Cristo. E isso não significa que ser a Cabeça visível da Igreja e representar nosso Senhor Jesus Cristo na terra tragam glória e poder. Longe disso. O "doce Cristo na terra", como o Chefe supremo da Igreja, também sofre por ela, dá a vida por ela. Justa ou injustamente, sobre o Papa recai todas as culpas dos filhos da Igreja, todas as acusações, todas as injúrias, todas as injustiças. 

Para carregar esta pesada cruz são necessárias forças física, mental e espiritual. Bento XVI têm as duas últimas, certamente, mas faltou-lhe a primeira. Obrigado, Papa Bento XVI por esses oito anos de pontificado que tanto bem fez a Igreja.

5 de fev. de 2013

Silas Malafaia de Frente com Gabi


Não assisti à entrevista do pastor Silas Malafaia no De Frente com Gabi e, sinceramente, não estou afim de gastar meus preciosos créditos da internet para ver no Youtube, mas gostaria de comentar o que andou pipocando no Facebook sobre a entrevista e que parece injusto pelo que julgo do pastor Silas Malafaia. 

Pode-se discordar de Silas Malafaia, em suas teorias e em seus métodos, mas não é justo colocá-lo no mesmo balaio com certos pastores brasileiros. Malafaia está longe de ser um pilantra ou um espertalhão aproveitador da fé. Sua formação e inteligência já seriam suficientes para perceber que não se trata da mesma raça.

Sua pregação difere muito da simplória e herética teologia da prosperidade das igrejas neopetencostais. Assembleiano, ele é um pentecostal, certamente, mas sua raiz é o pentecostelismo à moda europeia, muito diferente do norte-americano que influenciou as igrejolas que brotam por aí e que traz mais a marca da cultura dos EUA do que a do evangelho de Cristo. 

Um alerta aos católicos. A intenção da entrevista é evidente e é exatamente a mesma quando se entrevista um padre ou bispo da Igreja: acusar, tentar desmoralizar. Não é uma entrevista. É um apedrejamento, posto que seus posicionamentos desagradam a ponto de elevar ao limite do ódio aos “modernosos” de plantão da estirpe de Marília Gabriela. Portanto, cuidado com as críticas sem fundamento ou por simples picuinha ou má-vontade. Nossos inimigos são bem outros e estão longe de serem outros cristãos. Precisamos nos unir ao redor dos pontos em comum ao invés de dar munição para os que atacam nossa fé.





23 de jan. de 2013

O gênio da Bíblia maravilhosa ou o Deus da lâmpada sagrada?


Heresia é uma palavra que caiu fora de moda. Num mundo governado pela ditadura do relativismo, proclamar verdades eternas, para muitos, cheira à anacronismo ou loucura. Mas pior que o "relativismo laico" é o relativismo religioso. O que vemos hoje nestas igrejas neopentecostais que se proliferam como o joio é heresia pura (heresia da heresia, diga-se). Em um sincretismo aberrante, mistura-se cristianismo com esoterismo e ocultismo. Pode parecer palavras exageradas, mas quem dera não fossem verdadeiras. Antes de fazer estrago entre os católicos, estas igrejas prejudicam suas próprias raízes - se é que é justo afirmar que elas as tenham - no protestantismo histórico e tradicional. 

Onde podemos encontrar este esoterismo, este New Age cristão? Encontra-se na tentativa de domínio de Deus, de domesticar a divindade. Pastores (título que já não basta: hoje são bispos, apóstolos!) agem como ocultistas, ou seja, aqueles que pretendem dominar poderes sobrenaturais em favor próprio ou de outros. Hora marcada para curas e milagres, patuás, amuletos, peças de roupa, toalhinhas, suor de sovaco, tudo transmite algum poder e nada sai de graça. Qualquer semelhança com o esoterismo não pode ser mera coincidência. Sem dizer que o vocabulário de tais igrejas estão carregados de influências das religiões afro-brasileiras: "tá amarrado", "descarrego", "encosto", etc. 

Sem dúvida alguma, Deus pode fazer milagres. Mas faz quando quer e se quiser. É livre e Todo-Poderoso. Não é um gênio da lâmpada que é obrigado a realizar desejos no momento em que seu amo pedir. Age livremente e só Ele conhece o que é melhor para cada um de nós. E nem sempre bens materiais como riqueza ou saúde são o melhor. Limitar a pregação do Evangelho ao maravilhoso, ao extraordinário, ao mágico pode ser um modo rápido e eficaz de encher igrejas com pessoas ávidas para receber algum benefício, mas não é a maneira mais justa e honesta, pois sacrifica a verdade de Jesus Cristo. Não tem como não se lembrar de Simão o Mago, que ao ver que quando os apóstolos impunham as mãos sobre os fiéis, estes ficavam cheios do Espírito Santo, ofereceu dinheiro a São Pedro com o intuito de também ter aquele poder, isto é, dominar a divindade. Que saibamos discernir o que vem do Deus verdadeiro.



21 de jan. de 2013

Há 220 anos, Luis XVI era executado

É uma tristeza o quanto as pessoas não se importam com a pesquisa historiográfica. Basta conferir os comentários desta grande descoberta publicada em vários sites para verificar aonde chega a ignorância e o descaso com a História. 

Mas qual é a importância em se comprovar que o sangue encontrado num lenço guardado dentro de um cofre por 220 anos é o sangue do rei Luis XVI decapitado pelos revolucionários franceses? É um grande indício que o "cidadão Luis Capeto" não era um tirano odiado pelo povo como querem que acreditemos. 

Pessoas do povo não embebedam seus lenços no sangue de criminosos, mas de mártires. Foi como um mártir que o povo francês católico mais humilde viu seu rei ser executado por uma aliança de burgueses, maçons e protestantes. Nisso consiste a importância da descoberta relatada na notícia. Como nossa sociedade é fruto da Revolução Francesa, é preciso justificá-la apresentando Luis XVI como o tirano odiado pelo povo. 

16 de jan. de 2013

Trotula de Salerno


Trotula de Salerno (também conhecida como Trotula de Ruggiero) foi uma médica do século XI que trabalhou na Schola Medica Salernitana, a Escola de Salerno, e é considerada a primeira ginecologista do mundo. É desconhecido a data e o local de seu nascimento (provavelmente, nasceu em Salerno). Era da família dos Ruggiero e casou-se, segundo alguns historiadores, com um dos fundadores da Escola de Salerno, chamado Giovanni Plateario, tendo dois filhos, Giovanni e Matteo, que seguiram a carreira médica dos pais. Foi autora do mais célebre tratado de Obstetrícia e Ginecologia da Idade Média: De Pasionibus mulierum curandorum ante, in, post partum. Dividido em sessenta capítulos, Trotula disserta sobre as diversas técnicas cirúrgicas, preconiza realizar uma eficaz proteção perineal, aconselhando praticar as oportunas suturas no caso de produzir-se lacerações do períneo no transcurso do parto. Não esquece ainda aos lactantes dando normas a respeito do cuidado com o bebê em seus primeiros meses de vida. Outras das obras de Trotula são: Pratica secundum Trocta e De Aegritudium curatione ou De Ornatu mulierum. Neste último título, Trotula recomenda às mulheres de sua época cuidar da higiene diária, praticar regularmente exercícios físicos, massagens com óleo e uma dieta equilibrada e saudável. E completa estas recomendações com simples e curiosas receitas de cosméticos femininos:

Um creme para eliminar as rugas, a fórmula de um batom em que utiliza mel, suco de beterraba, abóbora e água de rosas. Para conservar a dentição saudável e branca recomenda limpá- los com uma infusão quente de casca de noz. Seus trabalhos serviu como base do tratamento da saúde da mulher por 400 anos, sendo conhecido por toda a Europa.

A Escola de Salerno foi a única durante os séculos X a XIII aberta às mulheres, como estudantes e professoras. Como resultado da variada influência cultural na cidade, os médicos de Salerno, tanto mulheres como homens, foram os melhores no Mediterrâneo ocidental. Muitos documentos revelam que a independência das mulheres da escola de Salerno foram parte vital do avanço científico do período. Durante a alta Idade Média, a medicina, entre as mulheres, era praticada exclusivamente pelas monjas, que, deste modo, evitava a entrada de homens no claustro. Porém, a prática da obstetrícia e os cuidados aos bebês em seus primeiros meses era confiadas às mulheres leigas.

Naqueles casos em que a mulher exerce a medicina, o realiza pela circunstância de ser esposa ou filha de médicos sendo que aprende-se a medicina com eles. A Escola de Salerno será a primeira que vai oferecer às mulheres com vocação à medicina o livre acesso a formação médica e sua titularização, sem limitar seu campo de acão às enfermidades da mulher e o cuidado dos lactantes, mas ampliá-la ao exercício da medicina geral. Com esta abertura, logo surgirão em Salerno cinco mulheres destacadas na arte da cura: Trotula, Salernitana, Constança e Calenda, a judia Rebeca Guarna e Abella, uma muçulmana. Salvo no caso de Trotula, poucas informações nos chegaram do resto destas mulheres pioneiras. De Rebeca Guarda sabemos que escreveu um tratado sobre a urina e a febre e de Abella, a muçulmana, unicamente o título de seu livro De artrabile et de natura  seminis humani.

De todas as médicas de Salerno, Trotula é a mais bem conhecida. A despeito de sua fama, os detalhes de sua vida – idade ou ano em que nasceu, quando ingressou na escola ou completou seus  estudos – são escassos, mas sabemos que ela foi a autora de importantes trabalhos médicos. Seu principal interesse e área de estudo foi a saúde da mulher. Muitas mulheres não eram tratadas porque se envergonhavam ou consideravam impróprio serem examinadas por médicos homens, especialmente em casos ginecológicos.

Diferentemente da maioria de outros trabalhos do período, Trotula nunca prescreveu encantamentos ou a astrologia como tratamento para as doenças. Em vez disso, dava conselhos práticos - de fato, muitos de seus tratamentos preconizados ainda estão em uso hoje! No De Pasionibus mulierum, ela mostra teoricamente as causas bem como os tratamentos para várias questões da saúde da mulher, incluindo infertilidade e problemas com a menstruação e com o parto. 

Em seu livro, a menstruação é vista como saudável e importante, e escreve sobre diferentes modos para regular o seu ciclo. Em seu De Ornatu mulierum, aborda não só receitas de maquiagens e dicas de aplicação, mas aconselha sobre o cuidado com a pele, com a saúde dos dentes e a higiene, tratamento da acne e contra a queda de cabelo.

Afirmou que tanto os homens quanto as mulheres podem ser responsáveis pela infertilidade – uma radical posição para a época – e também defendeu que as mulheres tinham o direito de não sofrer durante o parto. Para este fim, ela experimentou opiácios e soporíferos, além de um incontável número de ervas. Aconselhou uma recuperação longa e tranquila para obter êxito na cura das doenças e após o parto e teve sucesso  em processos de  cesariana. Em geral, desenvolveu a medicina preventiva como chave para promover a boa saúde para as mulheres.

Como professora da Escola de Salerno, Trotula ensinou seus alunos a manter uma interação lenta com seus pacientes. Ela acreditava que era preciso fazer muitas perguntas, não somente sobre os sintomas que os pacientes estavam sentindo, mas também sobre o seu estilo de vida e problemas em geral. Assim, afirmava, o médico estaria mais atento sobre o paciente, tendo uma melhor compreensão do seu estado físico e podendo tratar o problema com mais rapidez e eficácia.

Pelas informações escassas sobre sua biografia, assim como ocorre com sua data de nascimento, é desconhecida a data de sua morte. 

5 de jan. de 2013

Cotas Raciais: as primeiras leis segregacionistas do Brasil


A lei de cotas raciais para as universidades entrou em vigor já neste ano. "Nunca antes na história deste país" houve leis raciais. Para se ter uma ideia de como a coisa é grave, a Constituição do Império promulgada em 1824, em pleno auge da escravidão, afirmava que todos os cidadãos brasileiros eram iguais. É claro que há dois estatutos diferentes: o do escravo e o do cidadão livre, mas não são estabelecidos pela cor da pele, nem pela etnia. Um negro livre é igual, perante a lei, ao branco livre.

O governo do PT está tendo a honra de ser o primeiro a introduzir leis raciais e segregacionistas no país. Ainda que estejamos longe do mito da "democracia racial", nunca houve nada parecido no Brasil com a lei dos "iguais, mas segregados" ou da "gota de sangue" norte-americanos. Jamais tivemos algo parecido com o Apartheid sul-africano. Graças, em grande parte, a nossa cultura católica, diga-se de passagem. 

Com as bençãos do STF e a apatia costumeira do povo e tendo os movimentos negros subservientes ao PT declarado que esta é uma "discriminação positiva" (sic) o racismo foi introduzido legalmente no Brasil. Hoje, há dois vestibulares: um para negros e outro para brancos sem levar em consideração a formação de ninguém, somente a cor da pele ou a origem étnica. 

Leis assim sempre aparecem como coisas boas. O Apartheid teve início com os calvinistas africâneres que diziam que com a segregação estavam protegendo a cultura dos nativos. Como bom partido de esquerda que o PT é - Marx foi um racista de carteirinha. Além de antissemita mesmo sendo judeu, louvou os EUA, um país, dizia, de um povo evoluído, quando este anexou parte do México, "daqueles mexicanos atrasados e preguiçosos", ao seus territórios - não duvido que boa parte da intenção dos ideólogos petistas seja puramente racista, acreditando que os negros não possuem a mesma capacidade intelectual dos brancos e, por isso, devem ser "ajudados" e concorrerem somente entre si. O que consola é que a lei de cotas é provisória.


30 de dez. de 2012

A esperança do Ano Novo


É interessante observar como a esperança das pessoas se renovam com a proximidade de um novo ano. Parece que, ao dar meia-noite do último/primeiro dia, tudo se transformará como que por mágica. Os problemas, as dificuldades, as tristezas ficarão no ano velho. Essa esperança é fragilíssima - os menos românticos diriam alienante - pois não perdura até o fim da primeira semana do ano quando a realidade nos prendem ao chão novamente. 

Não é a mudança de ano que acaba com velhos problemas ou trazem novos. Não há anos fastos ou nefastos. Deus, Senhor da história, tudo conduz com Sua sabedoria e por caminhos e propósitos que só a Ele competem. Podemos e devemos pedir a Deus que nenhum mal nos atinja e, se vivermos na Sua graça, de fato, o pior de todos os males, o mal moral, o pecado, não nos atingirá. Porém, todos os males decorrentes da fraqueza humana, mais cedo ou mais tarde, infelizmente batem à nossa porta. 

Portanto, mais do que desejar e implorar inutilmente uma redoma de vidro que nos isole dos males, peçamos a Deus para que sejamos firmes na fé para enfrentar qualquer contrariedade que possa aparecer e para que não percamos a esperança - esta sim, verdadeira - de que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus. 

24 de dez. de 2012

PT X STF


Fato interessante. O PT acusa o STF de desrespeitar a Constituição Federal na condenação dos mensaleiros. Que o STF - paradoxalmente - vem tomando medidas inconstitucionais durante estes dez anos de governo do PT é evidente. 

Foi assim na aprovação da manipulação de células-tronco embrionárias, na aprovação do aborto de fetos anencéfalos, na decisão em manter como terras contínuas a reserva indígena Raposa-Terra do Sol, na equiparação da união estável para uniões homossexuais, na aprovação dos cotas raciais. Houve até um ministro - pasmem! - que cogitou declarar um artigo da Constituição - o ensino religioso em escolas públicas - inconstitucional! 

Que o STF composto com ministros nomeados pelo presidente Lula passou do limite em suas atribuições e promoveu ativismo judicial não há dúvida, mas todos aplaudiam quando as decisões coincidiam com os interesses do governo do PT. O STF tornou-se o caminho mais fácil do PT aprovar suas aberrações sem ter que desgastar-se com a opinião pública pressionando os deputados e senadores no Congresso. Agora a criatura voltou-se contra o criador. Por isso a choradeira.

12 de dez. de 2012

Zumbi dos Palmares: a pessoa por detrás do mito


O Dia da Consciência Negra foi instituído no dia em que se comemora a morte de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares. Penso que este dia deveria se referir diretamente a ele, como no dia de Tiradentes. Mas deram a esse dia esse nome estranhíssimo. 

É interessante observar como se constrói um mito. As nações passam por isso e grupos específicos também. Ocorre comumente na elaboração da "História Oficial". Assim aconteceu com o já citado Tiradentes e acontece com Zumbi dos Palmares. Sem dúvida, foi um grande líder negro, governou Palmares, o maior quilombo do Brasil e resistiu bravamente em sua defesa. Mas foi um heroi? Um defensor da liberdade e da igualdade em tempos de escravidão? Definitivamente não. 

Por exemplo, Zumbi tinha escravos. Isso não o diminui. A escravidão era um estatuto do período e mais comum no continente africano do que em qualquer outra parte do mundo. Zumbi não se diferenciava em nada se comparado a qualquer outro chefe na África, cuja riqueza pessoal - onde as terras eram comunais e o dinheiro, inexistente - era determinada pela posse de vacas, escravos e mulheres. Exatamente nessa ordem. Zumbi nunca realizou um só ato contra a escravidão. Os africanos não compunham uma unidade étnica para lutar por liberdade. Um membro de uma nação ou tribo diferente era tão estranho e considerado inimigo tanto quanto os brancos. O que uniam os negros no Brasil era a escravidão, não a liberdade.

Zumbi não liderou nem mesmo uma só ação heroica para libertar escravos nas senzalas. Os quilombolas de Palmares atacavam senzalas e tribos indígenas para raptar mulheres, escassas no quilombo. Os governados por Zumbi não viviam num mundo idílico e democrático. Nem poderiam, condicionados pela cultura e pela época. A hierarquia de Palmares era rígida, tendo no topo da pirâmide a família de Zumbi. Isso nada tem de espantoso, apenas reproduzia a organização tribal africana. 

Zumbi também não mostrou muita sagacidade no governo do quilombo. Seu tio, Ganga Zumba estava próximo de fechar um acordo com a Coroa portuguesa que prometia a emancipação do quilombo, ainda que submetido como qualquer cidade, ao governo português. Mas o líder foi misteriosamente envenenado, Zumbi assumiu o governo e rompeu qualquer negociação, o que levou a uma guerra que acabou com sua morte e com o quilombo. Assim nascem os mitos, servindo às causas político-ideológicas e deformando a História.