2 de abr. de 2013

A origem dos símbolos da Páscoa: o coelho e os ovos


A festa da Páscoa da ressurreição de Jesus Cristo possui variados símbolos. Os símbolos religiosos, tais como as velas e o cordeiro, são de fácil compreensão, ao menos, para a maioria das pessoas. Mas o que tem a ver com a Páscoa o coelho e os ovos? Coelhos não botam ovo, ainda mais de chocolate. Vejamos. A Páscoa cristã tem sua origem na Páscoa judaica. Enquanto a Páscoa judaica comemora a libertação do povo de Israel que vivia sob jugo egípcio, a páscoa cristã comemora a ressurreição de Jesus Cristo. Diversos elementos da Páscoa cristã derivam da Páscoa judaica. Mas, sem dúvida, os símbolos pascais mais conhecidos são o coelho e os ovos. É difícil encontrar a origem desta simbologia. 

A inculturação do cristianismo é a tese mais provável. Ao chegar ao norte da Europa, a Igreja encontrou-se com povos que cultuavam a natureza. A chegada da primavera era bastante comemorada, pois o inverno rigoroso tinha terminado; a vida ressurgia em todo o seu vigor. Os povos pagãos festejavam a fertilidade tão ostensiva da nova estação, sendo representada pelo coelho que se reproduz abundantemente e pelo ovo que, para os antigos, representava a origem misteriosa da vida. Era comum, então, presentear uns aos outros com um ovo. Como a Páscoa também é comemorada no início da primavera no hemisfério norte, a Igreja decidiu não destruir tais elementos, tão importantes para aqueles povos, mas cristianizá-los. Tal prática não era uma novidade. A Páscoa judaica já tinha adotado e adaptado elementos das festas primaveris dos camponeses e pastores do Oriente Médio que também comemoravam a fertilidade da nova estação.
A Igreja deu novo significado aos símbolos. O ovo passou a simbolizar a vida nova em Cristo, a renovação da criação. Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana, o que remetia ao Gênesis, ao início da criação. Era o princípio da nova criação. A fertilidade do coelho passou a representar a Igreja que gera os filhos de Deus, através da graça conquistada por Jesus Cristo pela sua morte e ressurreição. Desse modo, os símbolos pagãos das celebrações de primavera no norte da Europa, passaram a fazer parte da Páscoa cristã. Esta é a tese mais provável. Há a possibilidade de o ovo surgir na festa da Páscoa cristã também adaptado da Páscoa judaica, já que faz parte dos símbolos da ceia pascal judaica, um elemento relativamente novo introduzido já na era cristã. Na Idade Média, em algumas localidades do Leste europeu, as pessoas trocavam ovos coloridos durante a Páscoa. Mas este costume ficou praticamente restrito ao norte da Europa e posteriormente foi conservado pelas igrejas luterana e anglicana até o seculo XIX, quando a influência britânica pelo mundo popularizou os símbolos (assim como aconteceu com a árvore de Natal e o Papai Noel, mas esta é outra história). Ovos de chocolate existem desde o século XVIII, porém somente no século XX ficaram populares. O chocolate não acrescenta nada de novo ao símbolo. O uso do chocolate deu-se apenas pela criatividade dos confeiteiros franceses. Mas os motivos são o que menos importa já que todos concordam que é muito melhor ganhar um ovo de chocolate do que um ovo cozido com a casca colorida. Sem relacionar o coelho e os ovos com a ressurreição de Jesus Cristo, ambos perderam a função de símbolos. Hoje, não representam nada, nem a Páscoa, muito menos a primavera, são apenas personagens comerciais numa história sem pé nem cabeça onde coelhos trazem – só Deus sabe de onde – ovos de chocolate.

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