11 de fev. de 2012

Jesus cura um leproso

A Boa Notícia de Jesus Cristo


Marcos 1, 40-45

“Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: Eu quero. Seja curado.” (Mc 1, 41)

A lepra era a doença contagiosa – a peste – mais comum no Oriente Próximo. Como não se sabia as causas, as formas de transmissão e não havia nenhum tipo de tratamento, várias prescrições protegiam as pessoas sadias determinando o afastamento dos doentes. Para os hebreus, a lepra, além de uma doença, refletia externamente a condição de pecado do leproso. As prescrições sanitárias também passaram a ser leis religiosas. O leproso era duplamente impuro: no corpo e na alma. Dessa forma, estava excluído do convívio social em todas as suas dimensões e, o que era pior, afastado do culto, da freqüência ao Templo, em resumo, era excomungado.

Constatada a lepra pelos sacerdotes, o leproso deveria se afastar da família e das cidades, geralmente indo morar com outros leprosos que formavam comunidades isoladas. Durante Idade Média, o trato com os leprosos variavam de região para região. Em comum, o leproso também era afastado do restante da população. Havia uma cerimônia de despedida do leproso, uma espécie de funeral do doente, onde o bispo colocava um punhado de terra em sua cabeça e este, despedindo-se de seus familiares e amigos, se afastava. Em algumas cidades, os leprosos eram proibidos de entrar e os serviços religiosos eram-lhes prestados nos campos. Em outras, os leprosos podiam entrar apenas no período da Páscoa para receber os sacramentos. A Igreja jamais deixou de prestar sua assistência aos leprosos, mesmo sabendo dos riscos que seus ministros corriam. São Francisco de Assis é a prova mais conhecida do seu cuidado com os leprosos. Havia até mesmo uma ordem militar de cavaleiros leprosos: a Ordem de São Lázaro que, inclusive, combateram nas cruzadas.

De toda a forma, é injusta e anacrônica a acusação de discriminação, preconceito ou crueldade com estas pessoas. A lepra era – e é – uma doença terrível em todos os seus aspectos. Nada se conhecia sobre microrganismos que causavam doenças. Não havia tratamento – a não ser as cauterizações das feridas – e a cura da lepra só foi possível no século XX. No Brasil, as internações compulsórias e o isolamento de leprosos perduraram até a década de 1960. Era preciso proteger a todo custo as pessoas sadias.

Os sacerdotes da antiga Aliança podiam apenas constatar a lepra que era considerada uma consequência do pecado. Como não podiam curá-la, excluíam o leproso da comunidade, da vida religiosa do povo de Deus. Assim também com o pecado. A lei mosaica apenas indicava o pecado, mas não podia perdoá-lo. Jesus, Sumo Sacerdote da Nova Aliança, com a cura do leproso demonstra que vem para dar-nos a graça.

Não somente denuncia o pecado, mas pode redimir-nos dele, nos reintegrando à graça de Deus, nos fazendo membros do povo de Deus, Sua Igreja. Nos dias de hoje, graças ao relativismo, muitos perderam a percepção dos próprios pecados. Não mais conseguem sentir a alma corroída por ele. Façamos como o leproso. Aproximemo-nos de Jesus confiantes em Sua misericórdia. Por maior que seja nosso pecado, Ele nos tocará e nos libertará.

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