29 de abr. de 2009

O que importa é o pronome de tratamento

O duelo verbal e público entre os ministros do Supremo Tribunal de Justiça, Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes mostrou que o Conselho de Jedis não somente passa com frequencia para o lado negro (ou vermelho) da Força aprovando leis imorais, legislando no lugar do congresso, dando aval ao governo Lula quando este é contestado. Eles também brigam. Mas o que me impressionou não foi a discussão, nem as acusações mútuas e muitas delas, graves, como a feita por Joaquim Barbosa sobre os capangas de Gilmar Mendes. Foi o respeito empregado. Cada frase era iniciada com o pronome de tratamento “Vossa Excelência” como devem ser tratados os ministros do Supremo. É assim mesmo. Isto que é educação.

O ministro Joaquim Barbosa ganhou destaque quando aceitou a denúncia sobre os envolvidos no caso do mensalão. Foi amplamente elogiado, parecia o salvador da pátria, o último reduto de honestidade no país. É como eu digo, não se pode elogiar. O ministro Joaquim já se achou o máximo. Resolveu bater boca com todos os seus colegas no STF, virou o dono da razão. O ápice ocorreu agora.


A discussão fez me lembrar um fato da minha adolescência. Meus colegas e eu jogávamos futebol na rua à noite. E toda noite, passava naquela rua, seu Dito, um senhor que vendia pipoca e raspadinha. E toda noite, meu vizinho da frente, Daniel, mesmo sabendo que ele não vendia sorvete, fazia a mesma pergunta: “Tem sorvete de trigo?”. Seu Dito não respondia nada e ele continuava: “E de linguiça?” toda vez se repetia a mesma história. Certo dia, seu Dito estava de saco cheio e quando Daniel perguntou se tinha sorvete de trigo ele respondeu: “Só tem sorvete de pinto!” E Daniel retrucou: “Pra enfiar no cu do senhor!” Tudo no maior respeito. Afinal seu Dito era mais velho e merecia ser tratado por “senhor”.



22 de abr. de 2009

É proibido fumar: a intromissão do Estado

No último dia 7, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou o projeto de lei antifumo que foi proposto pelo governador José Serra (PSDB). O projeto de lei 577/2008 “proíbe o consumo de quaisquer produtos fumígenos, derivados ou não do tabaco, em recintos de uso coletivo e cria ambientes livres de tabaco”. A lei proíbe que se fume em qualquer ambiente fechado ou parcialmente fechado, como bares, restaurantes e até mesmo no local de trabalho. Ficam livres apenas tabacarias. Realmente a fumaça de cigarro incomoda os não-fumantes, eu mesmo fico muito incomodado. Mas não é esta a questão. A questão é: o Estado pode intervir nos espaços privados? Ainda que nestes possa afluir grande número de pessoas, seria o proprietário quem deveria ditar as regras para seu estabelecimento ou empresa e não o Estado. Ou falta educação aos fumantes para desrespeitarem regras internas de qualquer ambiente? Eu não vejo desrespeito àquelas simples plaquinhas dizendo ou indicando que é proibido fumar. Na minha opinião, isto já bastaria.

Se a maioria dos freqüentadores de um restaurante ou bar fica incomodada com a fumaça do cigarro alheio, a sensibilidade do proprietário o levaria a beneficiar a maioria e proibir que se fume no interior de seu estabelecimento. E pior que isto é a proibição de se fumar no ambiente de trabalho, nem mesmo nos fumódromos. Não há afluxo de público em grande parte das empresas. Sua área interna fica restrita aos funcionários e a empresa deve decidir se permite ou não a seus funcionários de utilizarem áreas reservadas para o fumo. Na verdade, esta lei é uma grande bobagem. Quem vai fiscalizar? A polícia? Quem vai denunciar? O primeiro dedo-duro incomodado da mesa ao lado?

Houve manifestações de pessoas ligadas ao Sindicato dos Comerciários de São Paulo e à Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo (Abresi) que alegaram que tais proibições causarão desemprego nestes setores. Mas também tem gente que acha que tudo que se vai fazer no Brasil causará desemprego, o caminho não é por aí. O problema é mais grave. Quando o estado começa a meter o nariz em assuntos privados, como o que deve ou não deve ser permitido em lugares privados, a coisa começa a ficar perigosa. Ah, e me esqueci de mencionar que é permitido fumar em casa. Por enquanto.



17 de abr. de 2009

Ai dos que causam escândalos!

O escândalo gerado esta semana ao vir à tona um filho de quase dois anos que nasceu de um relacionamento entre Viviana Rosalith Carrillo Cañete e o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ainda quando era bispo da Igreja Católica, me fez refletir. Não sobre seu pecado – ele pode ter se arrependido e se confessado, não deve ser julgado por isso – mas sobre as péssimas contribuições da turma da moribunda Teologia da Libertação para a Igreja ao longo destes anos. Lugo é amiguinho de frei Betto e admirador de Leonardo Boff. Precisa dizer mais alguma coisa?

A Teologia da Libertação como todos sabem se tornou a forma de marxistização da Igreja, com a intenção de fazer dela, assim como sugeriu Gramsci, a caixa de ressonância da doutrina marxista. Seus adeptos dizem que a tal teologia é baseada nos ensinamentos de Cristo e na Doutrina Social da Igreja. Mentira. Toda a doutrina é revisada através da ótica marxista. Para a Igreja, a TL foi, sem dúvida, um mal. Heresias surgiram dela – vide Jon Sobino e o já citado, Leonardo Boff –, abusos litúrgicos, rompimento com a Tradição, falsa interpretação dos documentos do Concílio Vaticano II e otras cositas más.

Padres se meteram em política, e o que é pior, sem a intenção de defender os valores do Evangelho e da doutrina católica. A intenção destes padres, os padres de passeata como ficaram conhecidos, é clara: usar a Igreja para disseminar a doutrina nefasta do marxismo condenado pela Igreja tantas e tantas vezes. Fernando Lugo foi um deles. Ordenado sacerdote em 1977 e bispo em 1994, preferiu se engajar nas fileiras da esquerda política do que dos anunciadores do Evangelho. Renegou o sacramento da ordem. Preferiu ser presidente de um país do que um sucessor dos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo. É isso que não consigo entender. Não há nada mais importante que o sacerdócio, do que poder oferecer ao Pai, o Santo Sacrifício, salvar almas no confessionário. Mas não, para os adeptos da TL, o importante é “defender” os pobres, “libertá-los” da opressão social. Lugo pediu a renúncia do estado clerical, pois a constituição paraguaia proíbe que um ministro de qualquer religião assuma cargos eletivos. Mesmo com a suspensão a divinis, ou seja, afastado das funções ministeriais, mas ainda bispo, Lugo desobedece a Igreja (que novidade!) e se candidata. Após ser eleito, o Papa Bento XVI aceita sua renúncia do estado clerical e o reduz ao estado laical, caso sem precedentes na Igreja. Na verdade, desde 2004 a Igreja tinha feito de Lugo, bispo emérito. Certamente não foi uma grande perda para a Igreja, pelo contrário.

Mas esta semana, para coroar tudo isto, vem a público um relacionamento com uma moça enquanto era bispo e a atitude nada admirável de renegar o filho e só assumi-lo sob pressão, acrescentando a sua carreira eclesiástica e política, um escândalo. O povo paraguaio, em sua maioria católico, votou em Lugo porque era um bispo, porque vendeu uma imagem falsa (redundância quando se trata de comunistas). O povo confiou nele, assim como confia na Igreja. Fernando Lugo traiu ambos. Mostra disso foi a queda acentuada de sua popularidade de 64,14% para 48,04%. Como disse um deputado paraguaio, que Lugo cumpra as promessas que fez ao país, porque as que fez à Igreja ele já não cumpriu. Alguém ainda acredita que ele fará isso?


7 de abr. de 2009

A Família: Igreja doméstica, célula da sociedade

No princípio, Deus criou o homem e a mulher (Gn. 2) para que em suas diferenças singulares se completassem e, desta complementaridade, no amor, gerassem frutos, os filhos. Estava, portanto, instituída a família, imagem da Trindade Santa, eterna família. Mas quando veio a plenitude dos tempos (Gal. 4,4) Deus envia seu Filho que quis ter uma família e Se encarnou no seio de uma mulher, a santíssima Virgem Maria, tendo como pai adotivo e guardião, o glorioso São José. Deste modo, Deus revela assim a dignidade da família. E, tamanha dignidade é manifestada quando Jesus eleva o matrimônio a sacramento da Nova Aliança e imagem da união de Cristo e Sua Igreja. Todavia, em nossos dias, como tudo que vem de Deus sofre ataques implacáveis, a família não passa incólume dos inimigos de tudo que é sagrado. Ao contrário, se tornou uns dos alvos prediletos, juntamente com a Igreja, corpo de Cristo, e a pessoa humana, imagem de Deus. Os ataques são contra a manutenção do casamento, a fidelidade, a geração de filhos e sua educação.

As “profecias científicas” sobre catástrofes ambientais causando escassez de alimento e água para as futuras gerações acabam incutindo – e não seria esta a intenção? – nas pessoas um verdadeiro pânico em ter filhos, afinal, ninguém gostaria de colocar filhos num mundo tão difícil de se viver. Assim, acabam justificando a imoralidade do controle de natalidade através de métodos anticoncepcionais desde as pílulas até o aborto. Outra forma de criar repulsa à geração de filhos vem do culto ao corpo, da beleza estética. Alardeiam que mulheres que engravidam, perdem a beleza do corpo, suas formas. Ficam menos atrativas sexualmente. E para indivíduos inseridos numa sociedade baseada no hedonismo e na vaidade, estes argumentos são mais do que suficientes para evitar filhos. Aliás, hoje em dia, entre o nascituro e um câncer no útero não há muitas diferenças para muitos. Os dois trazem transtornos à vida da mulher que se auto-proclama senhora de seu corpo. No egoísmo que assola nossa sociedade moderna, os filhos atrapalham as carreiras profissionais, dão gastos excessivos, educá-los despendem tempo e “tempo é dinheiro”. Ao mesmo tempo, temos aqueles que fazem de tudo até mesmo ultrapassando os limites morais para conseguir gerar um filho. Partem para as técnicas de fertilização in vitro e artificial, sêmen ou óvulos doados por anônimos, métodos que são ótimos quando empregados no melhoramento genético de gado, mas nunca no trato com a pessoa humana ainda mais quando revela a satisfação de uma vontade egoísta. Por que não tomemos uma atitude solidária e que revela em nós o amor gratuito de Deus e adotamos crianças que esperam ansiosas por uma família? Será que a carga genética tem tanta importância assim para deixarmo-nos manipular como animais?

A Igreja defende a paternidade responsável, um planejamento familiar, mas muito diferente do conceito de planejamento que vemos por aí. A Igreja quer que cada família tenha um número de filhos compatível com suas possibilidades e o que vemos são casais que poderiam ter uma prole numerosa, mas, ao invés disso, possuem apenas um ou dois filhos. E é sempre a mesma desculpa esfarrapada da condição financeira, porém, na verdade, não querem perder certas regalias como viagens anuais, a troca do automóvel ou da casa. Sem dizer nos casais que preferem tratar animais de estimação como filhos, inclusive chegando a gastar mais com eles, com a vantagem de terem menos trabalho para cuidar. Mais uma vez o individualismo, o egoísmo. E em busca desta condição elevada de bem-estar, pais e mães acabam priorizando suas carreiras profissionais, trabalhando excessivamente e “terceirizando” a educação de seus filhos o que é sua obrigação específica. A desvalorização do trabalho da mulher como mãe e dona-de-casa que a denotaria como submissa, dependente, colabora muito para este fenômeno. Por outro lado, vemos este mesmo aspecto em famílias que passam por necessidades materiais onde o marido e a mulher são levados a trabalhar para sustentar sua casa, prejudicando a formação dos filhos. Mas nada justifica a ausência na educação dos filhos. Que cada tempo livre seja utilizado para este fim. Outrora, em especial no campo, as mulheres trabalhavam e criavam seus filhos com uma educação esmerada. Era no colo das mães que aprendiam conceitos de solidariedade, justiça, amor. Que recebiam a primeira catequese. Hoje, graças a um conceito equivocado sobre o papel do Estado, relegam a educação às escolas. Não ensinam mais sobre Deus e Sua Igreja. E isto reflete no aumento de índices de violência, pois uma formação moral impede ou, ao menos, minimiza as chances de uma pessoa se tornar uma criminosa muito mais que melhores condições socioeconômicas. As famílias que eram verdadeiramente igrejas domésticas, lugar de oração e evangelização, passaram a ser um conjunto de pessoas que mal se relacionam. E tudo isto é influência do laicismo de nossa sociedade ocidental que empurra a religião a uma prática meramente individual. Não é raro escutar: “Não batizarei meu filho. Quando ele crescer, escolherá a religião que quer seguir”. Há pais que se dizem católicos, e muitos até mesmo são praticantes, dando aos filhos a mesma educação sexual mundana. Querem ser modernos. Seguem correntes da psicologia (hoje, até mesmo ultrapassadas, mas o estrago já foi feito) que proíbem qualquer cerceamento da “liberdade” dos filhos, sob o risco de lhes causar traumas. Permitem que os filhos façam sexo dentro da própria casa. É melhor aqui do que na rua, dizem eles. Fazem questão de darem preservativos a eles. O que importa é que não contraiam uma doença ainda que suas almas sejam lançadas no inferno. Neste falso conceito de liberdade, proliferam as mães e pais solteiros, os filhos órfãos de pais vivos.

O que motiva o casamento é o amor. Mas não este amor subjetivo e açucarado que o mundo nos apresenta, mas o amor sacrifical. Não é por acaso que São Paulo, na carta aos efésios (Cf. 5, 21-33), compara o amor matrimonial ao sacrifício de Cristo na cruz e Sua união à Igreja. Porém, nesta sociedade que prima pelo hedonismo e pelo consumismo, qualquer sacrifício neste sentido é loucura. Seus argumentos são a felicidade e o prazer como finalidade do casamento. Nem por amor aos filhos os casais querem se sacrificar. Puro egoísmo. O divórcio é um mal que se espalha e a sociedade, amortecida, é indiferente a ele. Deformam a imagem da família: pai, mãe, filhos. São inúmeros parceiros e parceiras ao longo da vida, vários meio-irmãos e enteado, e tudo isto vivido com uma naturalidade assustadora. Não é de se admirar que acompanhemos pelo noticiário, vários crimes praticados dentro de famílias desestruturadas. Não há uma estatística que comprove a maior incidência de crimes no interior de famílias desestruturas do que nas de famílias “tradicionais”, mas esta afirmação parece poder ser claramente observada. É difundido, principalmente pela mídia, que o sucesso do casamento depende quase que exclusivamente do sexo. Disto surgem teorias que incentivam o sexo antes do casamento como um “teste drive”, quando sabemos que o namoro é o período de o casal se conhecer, de amadurecer o amor para que receba o sacramento do matrimônio. E nesta ânsia de manter o casamento através do sexo – mais uma vez o hedonismo –, é introduzido no relacionamento do casal hábitos imorais como a pornografia ou, ainda pior, mantém-se um relacionamento aberto onde os dois se submetem à práticas animalescas em prol de manter “a chama acesa”. E muitos têm o cinismo de chamar tudo isto de amor; apregoam que pelo amor vale tudo. Só não vale carregar a cruz de Cristo; só não vale renunciar a si mesmo. Mas aí é exigir demais! Imoralidades dentro do matrimônio não é novidade de nossos tempos (Cf. Cor. 5, 1), aliás, “não há nada de novo debaixo do sol” (Ecl. 1,9), mas o assustador é o indiferentismo da sociedade perante todos estes acontecimentos. O individualismo que leva as pessoas a não se preocuparem com os outros desde que não sejam tocadas.

E quando o casamento vai mal recorrem à terapia de casal. Paga-se uma fortuna a psicólogos que, em muitas vezes, não darão uma orientação cristã. Onde está o diretor espiritual do casal? Onde está o momento de oração em família? É claro que a ajuda profissional não é descartada, porém Deus já deu as graças de estado para que o casal cumpra seu dever na família. O que falta é crer.

O divórcio se tornou algo comum. Tão comum que, em Portugal, casais podem se divorciar pela internet. Qualquer motivo é causa do divórcio. Basta o cônjuge não agradar em algum aspecto da vida conjugal para que se divorciem. Mais uma vez vemos a falta de sacrifício, de renunciar-se em prol de um bem maior, a família. E numa sociedade relativista que molda um deus a sua imagem, se divorciam e recasam sem o mínimo de peso de consciência diante da indissolubilidade do matrimônio e sem levar em conta que o casamento é a imagem das núpcias eternas do Cordeiro com Sua Esposa Imaculada, afinal, o que Deus quer é que sejamos felizes. As relações matrimoniais acabaram tomando aspectos consumistas onde o cônjuge é a mercadoria. Quando esta perde o vigor físico, a beleza, troca-se por outra. O importante é ser feliz. Nem que seja apenas nesta vida. Se é que há alguma concepção verdadeira da vida eterna, já que, para alguns ela não existe, morreu acabou e para outros, concebem um Deus que é amor e misericordioso e no final das contas todos se salvam.

Muitos casais nem mesmo se preocupam em casar. Alegam que o amor basta, entretanto, que amor é este que não culmina na maior prova de amor que é demonstrada no sacramento do matrimônio? Alguns chegam a afirmar a estupidez que o sacramento dá azar para o relacionamento, porque conhecem casais que viveram amasiados por vários anos e quando se casaram, o relacionamento não perdurou. Não perdurou porque viviam em pecado e depois de casados diante de Deus as tentações aumentaram. O diabo não quer perder suas presas. E usando o amor, este amor puramente humano – onde nem se pode ser chamado amor, já que exclui o Amor, Deus – como argumento, tenta-se legitimar as uniões homossexuais dando-lhes as mesmas prerrogativas da família, inclusive promovendo adoções de crianças, fadando-as a uma educação nem um pouco sadia, tanto psicológica como moral. Não podemos aceitar as uniões civis de homossexuais porque o Estado não pode modificar ou definir o que é ou como é formada a família, pois esta o precede.

Enfim, os ataques contra a família se intensificam e já podemos notar os males causados por estes ataques. A família é a célula da sociedade e se esta célula sofre agressões, fica doente, toda a sociedade sofre. A ligação entre o enfraquecimento das famílias e o aumento da violência é evidente. Mas as famílias cristãs, como sal da terra e luz do mundo, devem testemunhar uma vida de amor e solidariedade entre seus membros, fé em Deus. É natural que o entusiasmo do início tenda a diminuir e neste momento devem ser exemplos de perseverança no amor diante de tantas dificuldades que encontramos dentro do matrimônio, colocando Deus em primeiro lugar. Que estas famílias, igrejas domésticas, sejam fonte de evangelização e catequese e voltem a ser escolas de justiça, amor, solidariedade.

3 de abr. de 2009

A Idade das Trevas?


Apesar de a maioria dos historiadores modernos não usarem mais o termo Idade das Trevas para designar os mil anos que se seguiram (Séc. V – XV) após a queda do Império Romano, ainda muitos, movidos por ideologias ateístas e por aquele velho ódio e ranço pela Igreja, que surgiu no protestantismo em plena Renascença e ganhou força no Iluminismo, insistem em tratar de maneira preconceituosa, pejorativa e mentirosa a Idade Média, em especial durante os séculos da Cristandade (Séc. XI – XIV). A maioria dos professores enche a boca para detratar deste período em que o Evangelho de Cristo era o parâmetro da lei, onde Estado e Igreja colaboram entre si, onde o homem mantinha diante dos olhos seu fim: Deus. Caíram no conto iluminista reforçado pelo marxismo e repassam isto para os alunos. Não sabemos se é falta de estudo ou má-fé. Coitados. Sabemos da má formação que recebem nossos professores e talvez muitos só vendam o que compraram. O que sabemos com toda a certeza é que quem elabora estes materiais didáticos, tanto na formação dos professores como na dos alunos, sabe muito bem o que está fazendo e segue um ordenamento que pretende (que esforço inútil, a Igreja é invencível!) destruir a Santa Igreja Católica. E qual é o período onde a Igreja teve seu apogeu, onde todos os esforços eram postos na salvação da pessoa humana? Isto mesmo, na Idade Média.

Seria esta uma era de obscurantismo, de superstição, de atraso científico, onde reinava a violência, a falta de liberdade, a censura e a barbárie? Poderíamos encontrar estas características durante os períodos das invasões bárbaras anteriores e posteriores ao império de Carlos Magno quando a escuridão da barbárie cobriu a Europa ocidental, mas, ainda nesta época, a Igreja – e somente Ela – foi um luzeiro em meio à noite escura onde se preservou a ordem, a civilização e a cultura. Todavia, o alvo predileto é a Cristandade. É claro que não era a sociedade perfeita, aliás, sabemos que ela não existe e só será realidade quando Cristo voltar em Sua glória e restaurar todas as coisas em Seu Reino eterno onde os santos reinarão com Ele. Porém, a Idade Média está longe de merecer todos os adjetivos maledicentes que lhe foram outorgados desde o inicio da Idade Moderna. Como a Igreja estava no centro da era medieval, os difamadores da Igreja, anticlericais, ateus, aqueles que consideram a Igreja uma pedra no sapato para suas ideologias imorais, somente destacam o que houve de mau e discutível na Idade Média, sem levar em conta a mentalidade da época e imputando à Igreja, fatores sociais e acontecimentos históricos, que, em muitos casos, a Igreja condenou e combateu, como se fossem aprovados e incentivados por Ela. Além disso, nada sobre os avanços científicos, filosóficos, tecnológicos, humanistas, artísticos são citados ou quando são ditos é de maneira muito superficialmente. O pensamento ilógico sugere que tudo isto ficou hibernando até que num belo dia acordou e assim surgiu a Renascença. E mais, muitos dos fatos atribuídos ao período medievo, na verdade se encontram no Renascimento. Mas isto não importa aos inimigos declarados ou implícitos da Igreja desde que a acusada continue sendo nossa Mãe e Mestra.

Hoje, graças a Deus, muitos estudiosos das mais variadas áreas do conhecimento redescobrem que a sociedade católica medieval construiu a civilização ocidental. Reconhecem que a Igreja foi quem sustentou esta civilização que hoje lhe vira as costas, numa atitude, no mínimo, de ingratidão para com Ela.

Neste blog, compararemos a sociedade cristã medieval com a sociedade greco-romana e veremos seus progressos frente a esta, como a Igreja soube purificar a Europa. Também compararemos a sociedade medieval com a nossa sociedade que se gaba de viver a sua maior era da História. E, como a Idade Média não foi um período curto, não seria justo compará-la apenas com nossas ultimas décadas, mas abrangeremos todo o período da Idade Moderna e Contemporânea. Veremos o quanto nosso mundo estaria melhor se nossa sociedade ocidental tivesse continuado fortemente baseada na doutrina católica como na Idade Média em vez de negar e destruir suas raízes. Seria realmente o período medieval católico, a Idade da Luz de Cristo, a temida Idade das Trevas? Ou a Idade das Trevas seria o período em que vivemos?