22 de mai. de 2013

Estado laico e "casamento" gay: uma pretensa guerra religiosa


Estado laico. Eis uma expressão que anda na moda nestes dias onde o Direito natural é pervertido com "casamentos" gays e sem que isto nada tenha a ver com a laicidade do Estado. O casamento "tradicional" não foi instituído por nenhuma religião. Parece desnecessário falar isso diante das evidências, já que a diferença e complementaridade é que formam um casal. 

Antes que o casamento fosse elevado a sacramento por Jesus, ele já existia nas mais diversas culturas e existe em lugares onde não conhecem Jesus Cristo e Sua Igreja. Mesmo em culturas onde o homossexualismo era mais tolerado, como na Grécia (esqueçam o mito do "liberou geral". O homossexualismo não era tão bem aceito na Grécia como se propaga e, apesar de tolerado, era mal visto pelos romanos), jamais houve qualquer institucionalização da prática. Apesar de também antinaturais e, portanto, inadmissíveis, seria mais justificável, social e historicamente, defender casamentos poligâmicos ou poliândricos do que homossexuais. 

Mas levar o debate sobre "casamento" gay para um campo que não é o dele é uma tática antiga e perigosa. É a estratégia usada em defesa do aborto, da eutanásia e de pesquisas científicas eticamente contestáveis. Hitler afirmava que "piedade é coisa de padre". Esqueça o Direito natural que sobrepuja as religiões. Evoque o Estado laico afirmando que a definição de casamento entre homem e mulher pertence à religião e que o Estado não se deve pautar por dogmas religiosos. Neste momento, o debate é inviabilizado e ganha até ares de ilegalidade, pois atenta contra um dos pilares do Estado. Jogo perigoso. 

De fato, e todos concordamos, o Estado laico não se deve pautar por dogmas religiosos (nem ideológicos, diga-se) e nem impô-los a seus cidadãos. Mas o perigo começa quando o conceito de dogma se torna subjetivo. Seria óbvio constatá-lo se o Estado nos obrigasse a crer na Presença real de Jesus Cristo na Eucaristia ou fôssemos punidos por não crer em reencarnação ou na metempsicose. Mas quando um conceito moral torna-se um dogma? Como hoje surge quem defenda que o casamento tradicional é um dogma, amanhã pode surgir alguém dizendo que o "Não matarás" ou o "Não roubarás" são o quinto e o sétimo mandamentos da lei de Deus e que, por isso, o crime de homicídio e roubo devem ser banidos das leis porque são contrárias á laicidade do Estado. Parece um absurdo, porém segue a lógica. Matar e roubar são males evidentes, porque são englobados no Direito natural, aquela lei moral gravada nos corações dos seres humanos, aos quais não é preciso ensinar que é errado tomar o que não lhe pertence ou tirar a vida de alguém e que faz reagir tão naturalmente às novidades em matéria de casamento.    

Portanto, querer empurrar goela abaixo uma novidade sem precedentes na História, com grande impacto moral e social, cujas consequências desconhecemos e só podemos prever, transformando a causa do "casamento" gay em simplória guerra religiosa coloca em risco outras liberdades em defesa de uma só. No Brasil, o sagrado direito de objeção de consciência - este também, um direito natural e previsto na nossa Constituição - já está sendo lesado a partir do momento que a justiça pretende obrigar os cartórios (que não existem como "pessoa" ou entidades sobrenaturais, mas são compostos por pessoas), a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Com ares de democracia, quem toma certas decisões e o modo como estas ideologias são conduzidas servem à causas totalitárias. Fiquemos de olho. 




6 comentários:

  1. A diferença é evidente. Matar e roubar são atos em que há conflito. Existe aquele que rouba e o outro que não quer ser roubado, o que mata e o que não quer ser morto.

    Casamento gay é diferente. Não há conflito, não há resistência. Ambos querem a união. Não é da conta de terceiros.

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  2. Obrigado por visitar meu blog.

    Esta é uma concepção radicalmente individualista e liberal, afirmando que a vontade das partes substitui o bem comum. Todos os atos humanos tem, em algum nível, influência na sociedade como um todo, principalmente uma novidade como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, verdadeira quebra de paradigma. Como eu disse no texto, parece um absurdo que alguém veja algum bem em matar e em roubar, mas lembre-se que o comunismo e o nazismo foram doutrinas cujos seguidores mataram e roubaram em nome do bem comum (de uma parcela da sociedade que representavam ou do todo). A comparação não é exata, mas é significativa para mostrar os riscos de quando se abole qualquer marco moral na sociedade e o discurso é nivelado por baixo com o simples argumento de se agir conforme a laicidade do Estado. Além disso, se fôssemos favoráveis ao casamento gay pelo simples fato de não envolver terceiros, por coerência, teríamos que ser totalmente contrários à adoção de crianças por pares homossexuais.

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  3. Anônimo13 de julho de 2013 16:30 , concordo com vc e digo que , a cristandade de plantão , adora fazer o ridículo papel de fiscal de fiofó alheio , se a pessoa não quer o casamento gay , que não se trone gay e , não se case com uma pessoa do mesmo sexo .cada um na sua .

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  4. Gostei do que foi dito, porém não entendi nada nada sua abordagem. Voce quis dizer que é a favor ou contra o casamento gay? o_o

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  5. Não entendi sua posição. Na verdade, achei que não ficou claro qual seu objetivo com esse texto, seria ser a favor ou contra o casamento homossexual diante da laicidade do estado?

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    1. Olá, Joana

      Obrigado por visitar meu blog e por comentar o artigo. Sou contra o casamento homossexual, ou melhor, a equiparação legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo com o casamento entre um homem e uma mulher porque, além de ser imoral, contraria o Direito Natural. A aprovação ou não do casamento homossexual independe do fato de o Estado ser laico. Não é pautado na laicidade ou na religiosidade do Estado que definimos o que é uma família e sim, como já disse, o Direito Natural do qual o Estado deriva e serve primordialmente para defendê-lo. Conforme a Constituição, o Brasil é um Estado laico. Porém, usando tal argumento, os defensores do casamento gay querem levar o debate para a esfera puramente religiosa. O caso excede a esfera religiosa e tem maiores implicações (jurídicas, filosóficas, sociológicas, psicológicas). Querer transformar o debate em guerra santa é desonesto e acaba numa estreiteza de visão que em nada ajuda (e isto vale também para aqueles que somente se utilizam de argumentos religiosos - ou bíblicos - para defender suas posições contrárias ao casamento gay).

      Espero que meu posicionamento tenha ficado mais claro.

      Abraços

      Rodrigo Castellani

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