7 de nov. de 2013

A Síria e o milagre do Papa Francisco

No dia 21 de agosto, um ataque com armas químicas matou mais de 1400 pessoas nos arredores de Damasco. Apesar de as evidências levarem ao governo sírio, não ficou comprovado que este tenha sido o autor do cruel ataque. Os países se movimentam. Fala-se de intervenção na guerra civil síria. Os EUA encabeçam as ameaças, seguidos pela França, Inglaterra e pela OTAN. Até mesmo a Liga Árabe se posiciona favorável a uma intervenção militar no país. China, Rússia e Irã dizem que defenderão sua aliada. O cheiro de guerra em proporções mundiais paira no ar. Nada parece deter um ataque iminente. Exercícios militares se iniciam no Mar Vermelho e no Mediterrâneo. Os efetivos militares norte-americanos estacionados na região são mobilizados. Uma intervenção semelhante a ocorrida na Líbia parece se desenhar. O presidente Bashar al-Assad recusa qualquer negociação e diz que está pronto para defender a Síria. O mundo espera o momento que o primeiro tomahawk lance aos ares uma instalação militar ou governamental damascena. 

Então, levanta-se em Roma o Homem de Branco. Ele não tem efetivos militares a não ser uma centena de mercenários suíços que o protegem. Ele não toma partido. Ele convoca o mundo para um dia de jejum e oração pela paz no mundo, especialmente pela Síria. Convoca todos: católicos e não-católicos e até não-crentes. Pede que todos participe de alguma forma. Obedientes ao seu apelo, no dia 7 de Setembro, mais de 100 mil pessoas se reúnem na Praça de São Pedro e, com milhares pelo mundo, juntos com o Papa, ajoelham-se - inclusive muçulmanos - diante do Santíssimo Sacramento pedindo paz no mundo e que Deus toque as consciências dos que o governam. 

Aos materialistas e descrentes, tudo aquilo é uma perda de tempo e prova da ineficácia da religião. Mas algo surpreendente acontece. Contra toda a expectativa, constrói-se um acordo. Não se procura mais culpados pelo ataque (até porque não foi possível identificá-los), nem pretende-se piorar a situação na região. A Rússia e os EUA propõem que a Síria permita que inspetores da Opaq investigue o ataque e o seu arsenal químico. Al-Assad permite. O segundo passo é que a Síria elimine suas armas químicas. Mais uma vez, o presidente sírio cede. Os inspetores da Opaq terminam a operação no final de outubro. A Síria não tem mais armas químicas. A Opaq é laureada com o Prêmio Nobel da Paz. 

Deus é o Senhor da História. Para quem crê, a conexão entre o dia de oração e jejum convocado pelo Papa e o desfecho imprevisível para o incidente químico na Síria é evidente. Deus não necessita fazer milagres estrondosos, mas apenas tocar suavemente, até de forma humanamente imperceptível os corações. Foi pelas causas segundas, iluminando os homens da diplomacia - inclusive a do Vaticano. Lembremos que o Papa Francisco enviou uma carta ao presidente russo Vladimir Putin por ocasião do encontro do G20, pedindo que propusesse aos líderes mundiais uma solução pacífica para o conflito - que encontrou-se uma solução. A guerra civil na Síria e os conflitos em tantas partes do mundo ainda permanecem. Continuemos unidos ao Papa Francisco, o homem da paz, implorando ao Príncipe da Paz para que todos eles cessem.

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