13 de mar. de 2010

São Rodrigo de Córdova


A história do mártir São Rodrigo chegou até nós graças ao seu contemporâneo Santo Eulógio, que, baseado ou em conhecimento próprio ou na palavra de testemunhas oculares, escreveu as atas de todos aqueles que pereceram antes dele na perseguição em que, ele, Eulógio, deu a vida (11 de março de 859). Cumpre reconhecer que tais atas deixam uma impressão desfavorável quanto ao procedimento geral dos cristãos dessa época na Espanha moura. As famílias viviam divididas, a apostasia era coisa comum, e os próprios mouros, escandalizados com a infidelidade dos cristãos, lançavam-lhes em rosto o relaxamento em que eles, cristãos, viviam. Nada pois de admirar que Eulógio começasse o seu livro com as palavras: “Nesses dias, por um justo juízo de Deus, a Espanha foi oprimida pelos mouros”. A história de São Rodrigo pode servir como ilustração disso.

O mártir era sacerdote de Cabra em Córdova, e teve dois irmãos, dos quais um tornara-se muçulmano enquanto o outro era um mau cristão que praticamente abandonara a fé. Certa noite, os dois irmãos puseram-se a discutir com ardor um com o outro, e com tamanho ódio que acabaram se esmurrando. Rodrigo correu para separá-los, mas eles voltaram-se contra Rodrigo, e o espancaram até o ponto de o deixarem caído sem sentidos. Diante disso, o muçulmano mandou colocarem Rodrigo numa padiola e o levarem pelas ruas, enquanto ele próprio caminhando ao lado ia gritando que Rodrigo havia apostatado e queria que, antes de morrer, fosse publicamente reconhecido como muçulmano. A vítima achava-se muito sem forças para falar, mas sentia uma profunda angústia. Desse modo, tão logo recobrou o uso das pernas, bateu em retirada.

Não muito depois, encontrando Rodrigo numa das ruas de Córdova, o irmão muçulmano o arrastou até à presença do cádi (magistrado muçulmano) e o acusou de retornar à fé cristã depois de se ter declarado muçulmano. Rodrigo negou indignadamente que algum dia houvesse abandonado a religião cristã. O cádi, no entanto, não acreditou em Rodrigo e o lançou numa das piores masmorras existentes na cidade. Nesse lugar, Rodrigo encontrou um outro prisioneiro, chamado Salomão, que fora preso pelo mesmo motivo. Os dois encorajaram-se mutuamente durante o longo incômodo encarceramento, que, segundo esperava o cádi, os faria desanimar. Como permanecessem inflexíveis, os dois foram separados; mas, quando nem isso deu resultado, foram condenados e decapitados a 13 de março de 857. Santo Eulógio, que viu seus corpos expostos junto ao rio, informa que os guardas lançaram na corrente de água as pedras tintas com o sangue dos mártires, a fim de que o povo as não apanhasse para guardar como relíquias.



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