Segundo o evangelho de São João, Santa Maria Madalena foi a primeira a ver o Senhor ressuscitado. Maria Madalena busca seu Amado, procura-O e se desespera por não encontrar Seu corpo. Aquela que sofrera dominada pelos demônios tinha perdido Seu libertador e protetor. Talvez viesse ao seu coração o medo da recaída. Aos anjos e ao próprio Jesus que ela pensa ser o jardineiro, pergunta onde O colocaram e que ela O buscaria. Ressoa aqui as palavras da esposa no Cântico dos Cânticos: "Durante as noites, no meu leito, busquei aquele que meu coração ama; procurei-o, sem o encontrar. Vou levantar-me e percorrer a cidade, as ruas e as praças, em busca daquele que meu coração ama; procurei-o, sem o encontrar. Os guardas encontraram-me quando faziam sua ronda na cidade. Vistes acaso aquele que meu coração ama?" "Para onde foi o teu amado, ó mais bela das mulheres? Para onde se retirou o teu amigo? Nós o buscaremos contigo."
Madalena procura o Senhor morto. Quer demonstrar seu amor, ungindo-O. Viu todo o sofrimento do Senhor na cruz. Ainda tem uma fé fraca, ela não tira os olhos do interior do sepulcro, procurando entre os mortos aquele que está vivo. Não reconhece Jesus quando este pergunta o motivo de sua tristeza. Mas ama intensamente e é recompensada. "As minhas ovelhas reconhecem minha voz". Quando Jesus a chama pelo nome, Santa Maria Madalena deixa de olhar para o túmulo, se converte, "volta-se para o Senhor" e reconhece o "rabuni", Seu Mestre Jesus. O texto não diz, mas subentende-se que Maria Madalena correu abraça-Lo, ou algo parecido. Mais uma vez, as palavras do Cântico se deixam ouvir: "Mal passara por eles, encontrei aquele que meu coração ama. Segurei-o, e não o largarei antes que o tenha introduzido na casa de minha mãe, no quarto daquela que me concebeu." Jesus pede para que não O retenha, mas que anuncie a todos que Ele ressuscitou.
Outro aspecto interessante do trecho do evangelho de São João da liturgia de hoje é o paralelismo com o Gênesis. É o primeiro dia da semana, o primeiro dia da nova criação. No jardim, que nos lembra o Éden, está o novo Adão, Jesus. O demônio falou com Eva; os anjos falam com Maria Madalena. Jesus se dirige à Maria Madalena chamando-a primeiramente de "Mulher", tal como Adão ao ver sua companheira: "Ela se chamará mulher" (Gênesis 2, 23). Eva foi a primeira a pecar. Maria Madalena, naquele momento sublime, representa todo o gênero feminino redimido.
Jesus é seu Mestre, mas também seu Deus. O Senhor passeia pelo jardim, como Deus passeava no Éden. Mas a mulher, agora redimida, não se esconde com medo, pelo contrário, alegremente vai ao encontro do Senhor. Está aberto à humanidade o caminho da árvore da vida e Jesus mesmo é o fruto que nos dá a imortalidade e que comemos todas as vezes que tomamos a Eucaristia. Alegre, Santa Maria Madalena corre a anunciar que viu o Senhor. A primeira mulher foi portadora da desgraça; Santa Maria Madalena, representante das mulheres, é a portadora da Boa Nova da salvação. Que privilégio! Aquela que muito amou, muito lhe foi perdoado. Aquela que era dominada por sete demônios (a situação mais abjeta que um ser humano pode chegar, pois Jesus disse que quando um demônio é expulso, procura sete piores do que ele e vem habitar naquele que volta ao mal), torna-se apóstola dos apóstolos. Santa Maria Madalena, primeira esposa mística de Cristo, interceda por nós para que nossas almas encontrem e se unam firmemente a tão adorado Esposo. Amém! Aleluia!
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