29 de dez. de 2013

Motivos para ser contra a construção da barragem no Rio Piracicaba

Eu sou contra a construção da barragem no Rio Piracicaba que vai permitir a navegação até Ártemis. Por dois motivos: é desnecessária e vai acabar com o Tanquã. Faz vinte anos que o projeto existe e lutava-se para conseguir as licenças ambientais e os recursos financeiros para a obra. Há vinte anos diziam que a Hidrovia Tietê-Paraná tinha como principal meta integrar o Mercosul. O Mercosul está morto, só falta alguém ter a coragem de enterrá-lo. Por que Piracicaba precisa de um porto fluvial? A cidade não está isolada, ao contrário, localiza-se próxima as mais importantes malhas rodoviárias do estado e do país. O que vai ser escoado pelo porto de Ártemis? Grãos ou minério que são as cargas mais transportadas pelas barcaças na hidrovia em questão? 

O outro ponto é a destruição do Tanquã, chamado de Pantanal paulista, por conta de interesses que não sabemos exatamente quais são nem de quem são. Vale a pena por fim a um ecossistema como esse, berço de aves migratórias e de peixes e casa de diversas espécies de plantas e animais e que está no roteiro turístico do município (o mesmo município que pretende, agora, destruí-lo)? Volto à questão. Se Piracicaba estivesse isolada, como muitas localidades na Amazônia, por exemplo, e se houvesse a estrita necessidade de gerar um impacto ambiental para melhorar seus acessos e movimentar a vida econômica da região, seria compreensível. Mas o caso está longe disso. Não vale a pena acabar com o Tanquã por causa de uma obra que, ao meu ver, só atende à politicagem e às empreiteiras.



22 de dez. de 2013

Reflexões do Advento (16 a 21 de dezembro)

16 de dezembro de 2013

Mateus 21, 23-27

"Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele e perguntaram: 'Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu tal autoridade?'" (Mt 11, 23)

A autoridade religiosa dos sumos sacerdotes e dos anciãos era legítima porque vinha de Deus e Jesus jamais se revoltou contra ela. Jesus "ensina como quem tem autoridade" porque é o Cristo Deus, mas os chefes religiosos, obcecados por sua autoridade, temerosos em perdê-la e tornando-a um fim em si mesma, não conseguiram reconhecê-lo, assim como não reconheceram a missão de São João Batista, enviado para preparar os corações para o encontro com Jesus. O formalismo religioso fez com que perdessem o contato com Deus que julgavam servir. Como está nosso relacionamento com Deus? Pensamos que basta praticar alguns ritos e seguir algumas normas ou temos intimidade com Deus que gera real mudança de vida? Será que temos medo de Jesus, medo de perdermos nossas pequenas "autoridades", nossos poderezinhos, a ponto de soberbamente colocá-lo contra a parede contestando sua autoridade e seus ensinamentos?

17 de dezembro de 2013 

Mateus 1, 1-17

"Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo." (Mt. 1,16)

Jesus é filho de Abraão. Nele se cumpre a promessa: todos os povos da terra são abençoados. Mostra-nos, também, que Jesus faz parte da dinastia de Davi, portanto é Rei de Israel. Jesus veio para salvar a todos os povos: judeus e gentios. Veio salvar a você e a mim. Para isso, desceu dos céus e tomou a nossa carne. Entrou na História de um povo. Interessante notar que, entre os antepassados de Jesus, não há somente santos. Longe disso. Há assassinos, adúlteros, prostitutas. Mas Jesus não teme misturar-se. São pecadores de todas as épocas que Jesus quer resgatar. Recusamos ou acolhemos a sua vinda salvadora? Somos pecadores? Não temamos. Nos arrependamos e aproximemo-nos com confiança da misericórdia de Deus e Ele nos perdoará.

18 de dezembro de 2013

Mateus 1, 18-24

"A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo." (Mt. 1, 18-19)

Muitas vezes, José passa despercebido nos evangelhos. Não há o registro de uma única palavra falada por ele. Mas é um dos grandes - se não o maior - santos da Igreja! José era justo. Isto define o homem que foi escolhido para ser legalmente o pai de Jesus. José conhecia as virtudes de Maria, por isso recusa a denunciá-la às autoridades e resolve abandoná-la discretamente porque também não podia assumir um filho cuja paternidade desconhecia. José é justo e o "justo vive da fé". Ele não conseguia compreender como tudo aconteceu, mas sabia que ela não podia ser culpada e confiou o julgamento a Deus e não a ele próprio ou à Lei. Temos esta discrição de São José? Julgamos as pessoas apressadamente sem conhecer todos os elementos que envolvem o caso ou procuramos compreendê-las? Falamos mal das pessoas e as difamamos? Apontamos o dedo para as pessoas ou procuramos ser justos?

19 de dezembro de 2013

Lucas 1, 5-25

"Mas o anjo disse: 'Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João." (Lc. 1, 13)

Zacarias e Isabel já eram de idade avançada e, além disso, Isabel era estéril. Mas os dois não perdiam a esperança, suplicando a Deus que lhes dessem um filho. Quando o anjo Gabriel anuncia a Zacarias que Isabel ficará grávida, ele chega a duvidar de tamanho milagre e é castigado com a mudez. Isabel e Zacarias representam o Antigo Testamento que se tornou estéril e sem mais nada a dizer, mas também o representam na esperança da vinda do Messias que faz tudo novo. Assim, Deus os recompensou dando-os São João Batista que será o precursor de Jesus. Sua missão será preparar os caminhos do Senhor, apelando a todos para que se convertam e façam penitência. É o último e o mais importante dos profetas. Diante das situações da vida, quando tudo parece não ter jeito, mantemos viva a esperança e confiamos em Deus sabendo que Ele pode tudo e cuida de nós? Como estamos preparando nossos corações para acolher Jesus neste tempo propício do Natal? Pela conversão que nos torna férteis em boas obras ou estamos perdidos na preparação de um natal falso e consumista e, por isso, estéril?

20 de dezembro de 2013

Lucas 1, 26-38

"Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!'" (Lc. 1, 38)

Deus Todo-Poderoso poderia salvar a humanidade com um simples ato de sua vontade, mas Deus recusou este ato frio de "burocracia". Enviou seu Filho eterno, o Verbo divino, que se encarnou no seio da Virgem Maria. Deus quis se fazer um de nós. Desceu a nós para poder nos elevar até Ele. Não salvaria a humanidade sem a participação do ser humano e para isso escolheu a mais humilde das mulheres para sua mãe, aquela que tinha seu coração em sintonia com Deus e cuja vida tinha apenas o propósito de fazer a sua vontade. Aquele "sim" pronunciado em Nazaré mudou a História e nos abriu o Paraíso. Aquele "faça-se" nos remete ao Gênesis, ao relato da criação. Em Maria, Deus começa a fazer nova todas as coisas. Que tenhamos a coragem e a fé da Virgem Santíssima em se entregar total e incondicionalmente a Deus para que Ele conduza nossas vidas e realize em nós a Sua vontade.

21 de dezembro de 2013

Lucas 1, 39-45

"Com um grande grito, exclamou: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!' Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?" (Lc. 1, 42-43)

Em Nossa Senhora, encontramos todas as virtudes (e não seria por menos, já que ela é a Toda-Santa), mas a maior delas é a humildade. Toda mulher judia tinha a expectativa de que seu filho poderia ser o Messias. Maria concebe do Espírito Santo, sabe que será a mãe do Cristo Salvador esperado por séculos, mas ela não se sente orgulhosa, porque sabe que tudo é graça de Deus. A Mãe de Deus não se sente como quem tem o rei na barriga (ainda que, de fato, tivesse...). Quando sabe, através do anjo Gabriel, que Isabel está grávida, Maria parte apressadamente, atravessa o país, para ajudá-la. É a primeira a encontrar-se com Jesus e já parte como missionária. Leva Jesus a Isabel e a João Batista que ficam cheios do Espírito Santo. Quem encontra-se com Jesus não pode guardar esta experiência só para si. Este encontro nos impele a sair da preguiça, da comodidade para anunciar Jesus pelo exemplo de vida, pela palavra e pela caridade.



8 de dez. de 2013

Imaculada Conceição da Virgem Maria

Porei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e a dela.
Esta te ferirá a cabeça
e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn. 3, 15)

Um visível crescimento de atos de blasfêmia e sacrilégio contra Nossa Senhora me leva a refletir sobre este trecho do Gênesis, o chamado “proto-evangelho”. Por que tanto ódio sentido pela Mãe de Deus? É impressionante o desrespeito pela Santíssima Virgem. Dentre imagens dos mais variados santos e de Jesus, as de Maria são os alvos prediletos do ataque de sacrílegos e blasfemadores. Num episódio recente que podemos lembrar, foram imagens de Nossa Senhora que feministas profanaram durante a JMJ. São imagens de Nossa Senhora que aparecem em poses eróticas, ridicularizadas e ofensivas em algumas pretensas obras de arte. 

Alguém pode dizer: “mas imagens são somente imagens”. Este seria um belo sofisma. Sabemos muito bem que imagens são representações de algo real e que os ataques desferidos contra elas são endereçadas ao que elas representam e não ao que elas são. Ninguém coloca fogo na bandeira dos EUA porque quer queimar um pano com cinquenta estrelas sobre fundo azul e listras horizontais vermelhas e brancas. Ao longo da História, o ódio a Nossa Senhora foi demonstrado através de ataques às representações de Nossa Senhora. Alguns exemplos: um atentado à bomba contra Guadalupe, a imagem de Aparecida estilhaçada contra o chão, a Pietá de Michelângelo com um braço arrancado e o rosto deformado pelos golpes de uma marreta. Isso tudo produzido por pessoas sem fé ou desequilibras. E quando estes ataques partem daqueles que se proclamam cristãos. Que tristeza! Está lá a “cicatriz” no rosto de Nossa Senhora de Czestochowa que não me deixa mentir. E quantos atos deste tipo aconteceram pelo Brasil nos últimos anos. Até ações judiciais andam movendo contra a Virgem Santa! 

As forças do Mal continuam se movendo contra aquela que nos trouxe o Salvador. Até o fim dos tempos, o Dragão continuará vomitando um rio para submergir a Mulher (Ap. 12, 15). Como para Deus nada é impossível (Lc. 1,37), Maria foi a primeira pessoa salva pelos méritos de Cristo. Desde sua concepção foi cheia da graça de Deus (Lc. 1,28), isenta do pecado original Aquela de cuja carne puríssima nasceria o Salvador. Foi pela mulher que o pecado entrou no mundo; foi pela Mulher que a graça entrou no mundo. Foi a mulher que deu o fruto da perdição ao homem; foi a Mulher que nos deu o fruto – bendito fruto do seu ventre (Lc. 1,42) – da nossa salvação.  Não é para menos que o diabo odeia a Santíssima Virgem Maria, pois foi nela que ele começou a ser derrotado e seria definitivamente com a morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. O diabo usa dos seus filhos para atacar suas imagens. Age como uma criança birrenta. Ele não tem poder contra a Mãe de Deus que reina gloriosamente ao lado de Seu Filho e que intercede constantemente para que seus filhos sobre a terra, vivendo em Cristo, também possam vencer as forças do Mal. 

Ó Maria concebida sem pecado. Rogai por nós, que recorremos a vós! 



1 de dez. de 2013

1º Domingo do Advento: "Portanto, ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor." (Mateus 24, 37-44)

Por isso, também vós ficai preparados!
Porque na hora em que menos pensais,
o Filho do Homem virá. (Mateus 24, 44)

Hoje iniciamos mais um Ano Litúrgico com o primeiro Domingo do Advento. O Advento é tempo de preparação para a comemoração do Natal de Jesus quando Ele veio a nós. Mas também é um período em que a Igreja nos propõe refletirmos sobre a outra vinda de Jesus, quando Ele vier em sua glória para julgar a humanidade. Portanto, é uma época como a quaresma, ainda que em intensidade menor, de penitência e reflexão. No evangelho de hoje, Jesus nos avisa sobre esta sua vinda definitiva. Diz-nos que ela será repentina, sem aviso prévio, como foi o dilúvio no tempo de Noé. Dá-nos a seguinte imagem como exemplo: “Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada”. 

Portanto, como Jesus nos pede, fiquemos atentos. E o que devemos fazer? Façamos o que Paulo nos indica na carta aos romanos: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonerias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades. Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”. Jesus quer nos encontrar vivendo em estado de santidade.

Voltemos a história de Noé citada por Jesus. Em meio à humanidade corrompida, Deus encontrou Noé, um justo. Falou com ele, revelou-lhe seu plano de por fim a tanta maldade e de começar uma humanidade renovada a partir dele. Assim, Noé teve fé e construiu a arca que salvou sua família e os animais e, posteriormente, foram o germe da nova criação. Jesus também nos revelou o plano de Deus para nossas vidas. Como no tempo de Noé, fez aliança conosco, uma aliança eterna que nada pode romper se mantivermo-nos fiéis a Ele. Jesus nos fez justos e santos e nos colocou em sua arca, a Igreja, que navega sobre as turbulentas águas do mundo, conduzindo-nos rumo à Pátria definitiva. Nós somos esta humanidade renovada e são os santos que herdarão a nova terra e os novos céus que surgirão quando Jesus voltar e colocar um ponto final na História instaurando seu Reino de paz e de justiça, onde os povos “não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate”. 

Nós, cristãos, não devemos temer o “fim do mundo”. Pelo contrário, será o retorno de Jesus Cristo, Aquele que amamos e que nos ama, Aquele que recebemos docemente na Eucaristia. É Ele que retornará e nos transformará e viveremos eternamente com Ele. Não sejamos como os homens e mulheres do tempo de Noé e que podemos reconhecer facilmente ainda nesta nossa época, que voltam as costas para Deus e não reconhecem seus sinais, preferindo viver numa vida de pecado. Aqueles foram submergidos pelas águas e, quando Cristo voltar, infelizmente encontrará parte da humanidade em pecado, não querendo saber de Deus. Mas nós não. A nós, Jesus alerta: “Estejam preparados!” Que hoje demos ouvidos ao chamado de Jesus e nos convertamos para vivermos na graça de Deus, fazendo sua vontade, e, assim, esperemos alegremente este encontro definitivo, face-a-face, com Jesus. 

Vem, Senhor Jesus!