2 de jul. de 2009

Michael Jackson e o sofrimento na sociedade contemporânea


Uma overdose de analgésicos foi a primeira e mais forte hipótese levantada sobre a morte do cantor Michael Jackson. Sabia-se que Jackson fazia uso de medicamentos que tinham efeitos semelhantes à morfina e, provavelmente, fosse viciado nestes remédios. Michael Jackson teve uma infância marcada por sessões de espancamentos e humilhações praticadas por seu pai. O menor erro nos ensaios dos Jackson’s Five era motivo para as surras. Seu pai o humilhava quanto a sua aparência na adolescência, sobretudo destacando seu nariz e suas espinhas. Tanto era o medo que o pequeno Michael sentia do pai que chegava a vomitar. Tudo isto causou marcas e traumas profundos no cantor que, apesar do sucesso e dinheiro, teve uma vida marcada pelos sofrimentos, inclusive causados pelas acusações – pelo que parece – injustas de abuso de crianças. Michael se refugiou nos remédios. Analgésicos, tranqüilizantes, antidepressivos, levam a uma sensação de bem-estar. Funcionam como escape do mundo, das dores, das dificuldades, assim como todas as drogas. Isto leva-nos a refletir sobre o momento que o mundo moderno atravessa. Há um medo da dor. Um medo do sofrimento e da morte. Mais do que um medo, que é natural e benéfico ao ser humano, uma fobia, um pavor do sofrimento.

Desde que se iniciou uma descristianização do Ocidente, nossa sociedade não encontra mais sentido no sofrimento. Há uma tentativa de aboli-lo a qualquer custo. É justo que nos esforcemos para aliviar o sofrimento das pessoas, seja este físico ou psíquico. A Igreja, a exemplo de Seu Mestre, sempre se esforçou para isto. Porém, o sofrimento, assim como a morte, é decorrência do pecado e mostra nossas limitações. Todo esforço para aliviar o sofrimento será sempre paliativo.

Nossa sociedade entrou numa busca desenfreada do prazer, do hedonismo que desemboca invariavelmente no egoísmo, no desamor para consigo e com o próximo. E quando não se consegue atingir esta felicidade, impossível de alcançá-la nesta vida terrena, fora de Deus, o ser humano busca refúgio nas drogas, na violência, e até no extremo do suicídio. O sofrimento, como já foi dito, existiu e existirá. Jesus Cristo deu novo sentido ao sofrimento. Diante do sofrimento que antevia no Getsêmani, Jesus sentiu uma suprema angústia que O fez suar sangue (Cf. Lc. 22, 39-44). Porém, não recuou diante do horror da cruz. Quando foram crucificá-Lo, rejeitou o vinho misturado com mirra que Lhe ofereciam (Cf. Mc. 15, 23) e que tinha o efeito de sedativo (deixo claro que não é imoral aliviar o sofrimento de moribundos, pessoas em estado terminal ou que sofram de dores terríveis). Jesus tinha o poder de descer da cruz e seus adversários desafiaram-No a fazer isto (Cf. Mc. 15, 32), porém Ele sabia que do Seu sofrimento e morte, Deus – que jamais quer o sofrimento para seus filhos – tiraria um bem maior, a salvação do gênero humano.


Nossa sociedade rejeita Deus, Suas leis, Sua Igreja. Num ambiente cada vez mais relativista e secularizado, cada pessoa faz sua própria moral e, ainda que não se declarem ateias, vivem como se Deus não existissem ou acabam criando seu próprio deus; a palavra de ordem é aproveitar a vida com todos os gozos que ela possa oferecer. Se não há vida eterna, por que se sacrificar? Qual valor em renunciar a nossos impulsos e paixões? Diante deste quadro, aparecem as conseqüências terríveis ao sermos atingidos, mais cedo ou mais tarde, pelo sofrimento. Não sabemos mais lidar com ele. A Igreja sempre ensinou que podemos unir nossos sofrimentos ao sofrimento de Cristo para a salvação do mundo. Ou seja, não sofremos em vão. Completamos em nós o que falta na paixão de Cristo (Cf. Cl. 1, 24). Deus está no comando de nossas vidas. Se sofremos por conseqüência dos nossos atos ou dos atos de outros, Deus tirará daí um bem. Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus (Rm. 8, 28). Através do sofrimento, Ele poda-nos para que demos mais frutos (Cf. Jo. 15, 1-8). Lembremos sempre que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada (Rm. 8, 18). Paciência e resignação não fazem mal a ninguém.




2 comentários:

  1. Muito bem visto,parabens pela comentário,esse hedonismo é uma droga,que vicia e nos afasta de Deus...

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  2. Esse hedonismo é a droga que nos afasta de Deus,igual a todas outras drogas existentes,parabens pelo comentario...

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